Por helio.almeida

"Não foi o Marcelo Eduardo Bovo Pesseghini". A afirmação é usada para nomear a página criada no Facebook para discutir a inocência do menino de 13 anos, suspeito de ter matado os pais, a tia e a tia-avó em São Paulo. Como mostra a identificação do grupo, o perfil da rede social, que tem mais de 21 mil seguidores, pretende questionar os indícios apresentados pela PM, mas se transformou em um misto do seriado de investigação criminal "CSI: Nova York" com teorias da conspiração envolvendo a imprensa e ofensas a outros participantes do perfil.

Página contesta versão da políciaReprodução Internet

Na descrição da página, criada no dia 7 de agosto, diz que o perfil foi criado "para todos aqueles que se admiram com a história absurda e manipuladora da mídia. E que acreditam na inocência do garoto". Na foto de capa, uma pessoa segura um pedaço de papelão com a frase "A Justiça é cega, mas a injustiça podemos ver", com uma imagem menor onde aparecem o pai Luís Marcelo Pesseghini, 40 anos, ao lado do filho Marcelo. Há também uma foto em que o garoto estaria apenas de cueca e em uma posição diferente da que foi encontrada, sugerindo que houve alteração na cena do crime.

Em uma das fotos, o dono da página sugere uma manifestação para esta quarta-feira, que seria chamada de "Dia do grito", informando que o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB-SP) "precisa ouvir o clamor popular e parar com essa palhaçada", em uma referência a não conseguir solucionar o crime, que segundo eles Marcelo não seria o autor dos assassinatos. Até às 10h desta terça, 970 curtiram a proposta, 760 compartilharam e alguns poucos comentaram sobre o que acham que aconteceu na casa, e outros poucos ainda sugeriram a escola do menino como ponto para o ato.

"Quem é essa Paula Tejanu, quem é essa pobre coitada? Minha filha, vaza daqui. Sua feia e burrinha pra acreditar que uma criança matou uma familia inteira", publicou internauta contra seguidora que acreditava na culpa do garoto. "Acho muito provavel que o crime contra o pai do Marcelinho deve ter ocorrido em outro local", sugere um post. "O Delegado que vem conduzindo as investigações de maneira leviana deve ser afastado imediatamente", acusa outro comentário.

Legista: Garoto foi morto

Conhecido por refazer o laudo das mortes do casal Paulo Cesar Farias e Suzana Marcolino e apontar que eles foram assassinados em 1996, o médico legista e professor da Ufal (Universidade Federal de Alagoas), George Sanguinetti, disse que o filho do casal de policiais militares paulista foi assassinado junto com os pais.

A afirmação se baseia na análise das fotos da sala em que o adolescente e os pais foram encontrados mortos. Em entrevista ao site UOL, Sanguinetti foi categórico ao dizer que a posição do corpo do adolescente não é compatível com a de um suicídio, e sim, com a de um assassinato.

“A posição em que o corpo do menino caiu, com a mão direita em cima do lado esquerdo da cabeça e o braço esquerdo dobrado para trás, com a palma da mão esquerda aberta para cima, não é compatível com a posição de um suicida, e sim, com a de uma pessoa que foi assassinada. A arma do crime também não está no local compatível, que iria aparecer na foto em cima da cama ou próximo aos joelhos do menino”, explicou Sanguinetti, em um cenário montado com um colchão no chão e um boneco.

O adolescente é até o momento o principal suspeito de ter matado o pai, o sargento da Rota (tropa de elite da PM) Luís Marcelo Pesseghini, 40, a mãe, a cabo Andréia Pesseghini, 36, a avó e uma tia avó. Para a polícia, o adolescente cometeu os quatro assassinatos entre a madrugada do último domingo e a de segunda, com a arma da mãe, uma pistola .40, e se matou no começo da tarde de segunda, ao voltar do colégio.

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