Por adriano.araujo

Brasília - Afastado do cargo, no final do mês passado, após ter admitido participação na operação que deu fuga ao senador boliviano Roger Pinto Molina para o Brasil, o diplomata Eduardo Saboia vai voltar ao trabalho no dia 1º de outubro, informou o Itamaraty.

Mas a sua situação está longe de uma definição. Saboia entrou com um pedido no ministério para retomar as atividades, segundo informou seu advogado, Ophir Cavalcante Júnior. O diplomata está sob investigação e poderá ser exonerado, caso seja comprovada sua culpa.

O episódio provocou crise diplomática entre os dois países e a queda do ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota. Saboia era encarregado de negócios da embaixada na Bolívia e foi transferido para a Secretaria de Estado, que tem sede em Brasília.

Molina (E) cumprimenta Saboia antes da audiência na Justiça FederalReuters

Uma sindicância interna foi aberta no Itamaraty. Depoimento que o diplomata daria ontem sobre o caso foi cancelado pelo próprio ministério. O advogado de Saboia solicitou todos os documentos, como e-mails e notas, trocados entre o ministério e a embaixada em La Paz. Para ele, são provas fundamentais que poderão ajudar na defesa.

A comissão que investiga o caso no Itamaraty é formada por dois embaixadores e um servidor da Corregedoria Geral da União (CGU). Se condenado, Saboia pode receber punições que vão desde uma advertência à demissão do ministério.

Molina é acusado de vários crimes de corrupção em seu país. Ele nega e diz sofrer perseguição política do presidente Evo Morales, a quem acusa de ligações com o narcotráfico. O senador está hospedado em uma fazenda em Goiânia e aguarda definição do caso pelas autoridades brasileiras. Na quarta-feira, Molina depôs na Justiça Federal sobre sua fuga.

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