Por joyce.caetano

São Paulo - Uma campanha internacional pela certificação de empresas que evitam uso de animais em testes de produtos cosméticos, sanitários e de higiene pessoal tenta se firmar no Brasil. A Cruelty-Free International tem a missão de atribuir o selo “Leaping bunny” às companhias que comprovarem não estar envolvidas experimentos deste tipo.

Em pouco mais de um mês de atuação no País, apenas quatro empresas demonstraram interesse, mas nenhuma firmou compromisso com o processo de certificação. “A procura aumentará em função da maior conscientização do consumidor e da existência de uma proibição legal em usar testes animais na área da cosmética por parte do governo”, avalia o biólogo molecular Frank Alarcón, coordenador da campanha no Brasil.

Selo da Cruelty-Free International indica empresas que não usam testes em animaisDivulgação

O fim da utilização de animais vivos em testes científicos, a chamada vivisecção, é a reivindicação do grupo que invadiu o Instituto Royal e retirou 178 cães da raça beagle do local na semana passada. A empresa, investigada pelo Ministério Público há um ano por suspeita de maus-tratos aos animais, alega seguir as determinações do Conselho Nacional de Controle de Experimentação Animal (Concea).

Certificação

Ao todo, 500 empresas estampam o selo em seus produtos. A lista inclui fabricantes de ingredientes e de produtos finais com atuação na União Europeia. Para receber a certificação, as companhias devem emitir um documento em que se comprometem a abolir o uso de testes em animais em todos os seus produtos finais e ingredientes. A partir daí, passam por uma auditoria independente que confere o cumprimento dos compromissos assumidos.

O selo não é concedido a um produto ou uma linha específica, mas à empresa como um todo. “A Cruelty-Free International entende que esta é a forma mais coerente de sustentar sua filosofia de repúdio ao uso de animais na cosmética por razões tão frívolas como o lançamento de um novo batom ou xampu”, diz Alarcón.

Campanha

O selo "Leaping Bunny" é uma das iniciativas da British Union for the Abolition of Vivisection (BUAV), que atua desde 1898 contra a vivisecção. Ele foi lançado em 1997. No ano seguinte, a Inglaterra baniu o teste com animais para a produção de cosméticos.

Já a campanha Cruelty-Free foi lançada em 2012 e envolveu a instalação de escritórios na Inglaterra, nos Estados Unidos e em Cingapura. Ainda não há uma sede para a equipe brasileira, que conta com voluntários espalhados pelo País.

Os trabalhos no Brasil começaram oficialmente em 17 de setembro. A campanha articula, entre outras atividades, a elaboração de uma petição popular sobre o tema e trabalha na elaboração da versão em português de sua página na Internet e dos perfis em redes sociais. Além disso, atua na convocação de apoiadores, na aproximação com a classe política e empresarial para ampliar o debate sobre o assunto e estuda a promoção de métodos alternativos de pesquisa.

Entre os apoiadores do projeto está a apresentadora Luisa Mell, ativista em defesa da proteção animal que participou da invasão ao Instituto Royal. A Cruelty Free afirma que a parceria foi firmada antes do episódio e não deve se manifestar sobre o caso até que haja um pronunciamento público oficial do instituto, comprovado por documentos.

Em âmbito global, a campanha tem apoio do ex-beatle Paul McCartney, da cantora Joss Stone e dos atores Norman Reedus (da série Walking Dead), Ricky Gervais (da The Office) e Peter Dinklage (de Game of Thrones).

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