Por julia.sorella
São Paulo - O Ministério Público (MP-SP) vai investigar a ação de policiais do Departamento Estadual de Prevenção e Repressão ao Narcotráfico (Denarc) na região da Cracolândia, no centro de São Paulo, na tarde desta quinta-feira.
A investigação será comandada pelos promotores de Justiça, Direitos Humanos e Saúde Pública, Arthur Pinto Filho; de Infância e Juventude, Luciana Bergamo, e de Habitação e Urbanismo, Mauricio Antonio Ribeiro Lopes.
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O objetivo da ação é apurar as condições em que ocorreu a ação do Denarc na Cracolândia e a suposta participação de policiais do Denarc no tráfico de drogas na região. “Acho estranha a forma como se deu a ação. O Denarc sempre agiu de forma sigilosa. Nunca agiu com estardalhaço”, disse o promotor Pinto Filho.
“Nós queremos saber quem era o traficante preso às 15h30 na região, queremos ter acesso a investigação da polícia que apontou esse homem, saber qual a quantidade de drogas que ele tinha; queremos saber porque 30 pessoas foram presas para averiguação e só quatro ficaram detidas, queremos saber quem são essas pessoas”, diz Pinto Filho. Segundo ele, “prender para averiguar não tem guarida na legislação brasileira”.
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A diretora do Denarc, Elaine Biasoli, e OsvaldoNaoki Miyazaki, corregedor em exercício da Polícia Civil, fserão convocados pela promotoria para prestar esclarecimentos no dia 6 de fevereiro.
A Corregedoria da Policia Civil já instaurou procedimento para investigar eventuais excessos dos policiais e a suposta participação de agentes do Denarc no tráfico de drogas na região.
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Segundo o promotor, a Polícia Militar não está impedida de realizar ações truculentas na região da Cracolândia.
Operação
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Na tarde de quinta-feira, houve confronto entre policiais civis e dependentes químicos. Segundo reportagem do Estado de S.Paulo, agentes do Denarc usaram bombas de efeito moral e bala de borracha, contra a multidão, que revidou com pedras. Várias pessoas foram detidas.
A área do confronto fica perto da região onde a Prefeitura de São Paulo realiza a operação Braços Abertos, que tenta recuperar viciados dando moradia, alimentação e emprego.
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“Fico preocupado porque foi uma ação diferente e muito sensível na região da Cracolândia, que está lutando para mudar a realidade social com a participação do Estado e da prefeitura. O trabalho pode ser jogado no lixo porque os dependentes terão receio até mesmo da aproximação de agentes. Eles não sabem diferenciar. Para eles, é tudo Estado. É um recuo muito grande”, diz o promotor Pinto Filho.