Brasília - Uma tabela apreendida pela Polícia Federal (PF) na casa do ex-diretor de abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa aponta que ele teria intermediado o contato entre grandes empreiteiras e políticos. A tabela é dividida em três colunas, onde constam as empresas, executivos dessas companhias e a “solução”, que segundo a PF indicaria repasses milionários de um suposto esquema que abastecia candidatos e financiava campanhas políticas.
O ex-diretor foi preso na Operação Lava-Jato e é apontado pela PF como integrante de esquema que movimentou de forma suspeita cerca de R$ 10 bilhões. Na tabela, na coluna da “solução”, aparecem frases como: “Está disposto a colaborar”; “Já está colaborando, mas vai intensificar para campanha a pedido de PR”; e, por último, “Já teve conversa com candidato e vai colaborar a pedido do PR”. A sigla PR seria uma referência ao próprio ex-diretor, segundo os investigadores.
A Operação Lava-Jato investiga, entre outras suspeitas de crime, a transferência de recursos de empresas que tinham contratos com a Petrobras para uma conta que, de acordo com a PF, era usado pelo esquema para repassar propina para servidores públicos e políticos. No documento encontrado pelos investigadores também foi identificada uma planilha de valores e que na rubrica “entrada” consta a palavra “primo”, que, segundo os policiais federais, é o apelido do doleiro Alberto Youssef, apontado como um dos coordenadores do esquema. Youssef também é investigado pela relação com o deputado licenciado André Vargas, que renunciou ao cargo de vice-presidente da Câmara.
Oposição insiste em CPI exclusiva da Petrobras
Diante das novas descobertas da Polícia Federal, entre elas a de que o ex-diretor da estatal Paulo Roberto Costa repassava dinheiro de construtoras a políticos, parlamentares de oposição reforçam a necessidade da Comissão Parlamentar de Inquérito exclusiva da Petrobras. O governo tenta evitar a investigação única e quer ampliar o foco da apuração para outros temas, como o cartel do Metrô de São Paulo e o Porto de Suape, em Pernambuco.
Na sexta-feira, a ministra do Supremo Tribunal Federal (STF), Rosa Weber, deu prazo de 48 horas para que o presidente do Senado, Renan Calheiros, explique a criação de uma CPI ampla. Segundo a ministra, somente depois disso é que serão analisados os pedidos de liminar feitos pela oposição e por governistas sobre a criação da CPI: ou ampla ou exclusiva.