Por tamara.coimbra

São Paulo - Terminou na madrugada desta quinta-feira o julgamento do ex-cirurgião Farah Jorge Farah, acusado de matar, em janeiro de 2003, sua paciente Maria do Carmo Alves, com quem mantinha um relacionamento amoroso. Farah foi condenado a 16 anos de prisão, em regime inicial fechado, acusado de homicídio duplamente qualificado, por motivo torpe e recurso que impossibilitou a defesa da vítima.

O julgamento começou na manhã da última segunda-feira e a sentença que condenou o cirurgião plástico foi lida pelo juiz Rodrigo Tellini de Aguirre Camargo, do 2º Tribunal do Júri, à 1h desta quinta-feira. Como réu estava solto, ele poderá recorrer da decisão em liberdade.

Julgamento do ex-cirurgião Farah Jorge Farah%2C em São PauloDivulgação

O julgamento do médico já havia sido adiado cinco vezes. A última delas em março deste ano, quando o advogado Odel Antun, defensor de Farah, pediu adiamento porque cinco das oito testemunhas de defesa não teriam sido localizadas. Cada uma das partes tem direito a oito testemunhas.

Em 2008, o médico já havia sido condenado a 12 anos de prisão pelo homicídio e mais um ano por ocultação de cadáver. No entanto, segundo Antun, a defesa entrou com uma apelação para anulação do júri porque os jurados não levaram em consideração o laudo oficial do Instituto de Criminalística (IC) que atestava a semi-imputabilidade de Farah. Ou seja, segundo o laudo, o médico não tinha plena consciencia dos seus atos. Na ocasião do crime, Farah alegou que teve um “branco” e não se lembra dos fatos.

A promotoria alega que os jurados se basearam em outros laudos assinados por psiquiatras renomados, ressonância magnética do cérebro do médico e o laudo de Rorschach para atestar que Farah não tem problemas psiquiátricos e portanto, era culpado, pela morte de Maria do Carmo.

O crime

O crime aconteceu no dia 24 de janeiro de 2003. Segundo a defesa, Maria do Carmo foi até o consultório do médico, no bairro de Santana, zona norte da capital, com uma faca e tentou agredir Farah. O médico conseguiu desarmá-la e golpear o pescoço da vítima. Nesse momento, o médico relata ter tido um “branco” e só retomou a consciencia no dia seguinte.

Segundo a polícia, após matar a mulher, Farah teria ainda retirado todo o sangue dos órgãos e cortado o corpo em nove pedaços, que escondeu em sacos de lixo dentro do próprio carro. Ele ainda retirou a pele das pontas dos dedos. Após o crime, ele foi para uma clínica psiquiátrica, onde se internou. Lá teria confessado o crime para uma sobrinha, que o denunciou. O corpo da vítima só foi encontrado três dias depois.

Farah ficou preso por quatro anos e meio e aguarda a decisão do julgamento em liberdade. Em 2006, o Conselho Regional de Medicina (CRM) o proibiu de exercer a profissão. Após sair da cadeia, ele se matriculou na Faculdade de Saúde Pública e mora em um sobrado na Vila Mariana, zona sul da capital.

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