São Paulo - Após quase três horas de reunião, o grupo de motoristas e cobradores de ônibus que liderou a paralisação na cidade decidiu voltar ao trabalho a partir da meia-noite de ontem. Mas exigiram uma reunião com o prefeito Fernando Haddad (PT) para continuar as negociações de suas propostas.
O encontro que selou o acordo que garantiu o fim da greve foi realizado na Superintendência Regional do Ministério do Trabalho, com a presença dos advogados dos sindicatos patronais e representantes da prefeitura e dos trabalhadores.
Apesar do acordo, por volta das 21h de ontem, terminais continuavam bloqueados e poucos ônibus circulavam pela capital paulista. Milhares de pessoas ainda esperavam a condução para voltar para suas casas.
O superintendente do ministério em São Paulo, Luiz Antônio de Medeiros, afirmou que acompanhará hoje os trabalhadores ao gabinete de Haddad. O objetivo é pedir ao prefeito que converse com os empresários e peça que reabram as negociações salariais. “A ideia é buscar uma solução rápida para a greve, levando em conta os interesses dos trabalhadores”, disse Medeiros.
No segundo dia de paralisação dos rodoviários, os paulistanos enfrentaram muitas dificuldades para circular pela cidade. Ônibus foram abandonados atravessados em algumas das principais vias sem as chaves, provocando engarrafamentos.
Quem optou pelo metrô também teve de dificuldades, pois as estações ficaram superlotadas. E a espera para conseguir embarcar em um dos vagões durava até mais de meia hora.
A paralisação dos ônibus foi desencadeada por um grupo que contesta o Sindicato dos Rodoviários de São Paulo e não aceita o acordo que prevê reajuste salarial de 10%. Eles exigem novas rodadas de negociação.
O secretário de Transportes de São Paulo, Jilmar Tatto, que se reuniu com secretário de Segurança Pública do Estado, Fernando Grella Vieira, afirmou que homens armados obrigaram ônibus a parar durante a manhã. Segundo ele, 15 veículos foram interceptados no Grajaú, na Cidade Dutra, no Valo Velho e no Jardim Cocaia.
TRT JULGARÁ GREVE
O advogado dos sindicatos patronais, Antônio Roberto Pavani Junior, disse que uma liminar, conseguida pelas empresas, garante o funcionamento de 65% das linhas de ônibus. De acordo com ele, uma audiência foi marcada para o início da tarde de hoje no Tribunal Regional do Trabalho (TRT) para julgar o movimento.
Polícia apura se houve crimes
A Polícia Civil de São Paulo vai investigar se houve, durante a greve dos rodoviários, ações criminosas, como uso de armas de fogo para intimidar motoristas, abandono de veículos fechando ruas e bloqueio de garagens.
Pelo segundo dia, grevistas fecharam os terminais e não deixaram que ônibus de cinco empresas saíssem das garagens. Pelo menos 300 mil ficaram sem transporte.
A Secretaria de Segurança Pública (SSP) informou que a investigação terá como base o Artigo 262, do Código Penal, que considera crime expor a perigo outro meio de transporte público, impedir-lhe ou dificultar-lhe seu funcionamento. Membros do Sindicato dos Motoristas foram intimados, e o presidente da entidade, José Valdevan, disse que vai depor.