Por bferreira

Rio - Sem aliados fortes para viabilizar sua candidatura ao governo do estado, o ex-governador e deputado Anthony Garotinho (PR) conseguiu atrair nesta terça-feira o Pros (Partido Republicano da Ordem Social). Com o apoio da legenda, Garotinho ganha mais 37 segundos no tempo de TV, alcançando mais de dois minutos de exposição no programa eleitoral.

O Pros deverá indicar o vice-governador ou o candidato ao Senado na coligação de Garotinho. Um dos cotados é Miro Teixeira que, na semana passada, desistiu da candidatura ao governo do Rio. “Isso ainda está em construção”, disse Hugo Leal, presidente do Pros do Rio.

Antes de fechar a aliança com o ex-governador, o partido oficializou o apoio à reeleição da presidenta Dilma Rousseff (PT). A união do Pros com o PR no Rio foi possível graças à pressão dos ministros das Relações Institucionais, Ricardo Berzoini, e da Casa Civil, Aloizio Mercadante. Eles temiam que, isolado, o ex-governador cedesse seu palanque no Rio para o presidenciável Eduardo Campos (PSB), caso não conquistasse parceiros que permitissem aumentar o tempo de TV e rádio no horário eleitoral gratuito, considerado hoje o principal instrumento das campanhas eleitorais.

Arco de alianças no Rio une políticos de diferentes legendas em torno de candidaturasArte O Dia

As conversas entre Garotinho e integrantes da base de governo de Dilma se intensificaram nos últimos dias. Diante dos recentes acordos fechados no Rio — o PMDB do governador Luiz Fernando Pezão conquistando o apoio do ex-prefeito Cesar Maia, do DEM, e reforçando o palanque do candidato a presidente do PSDB, Aécio Neves, e Lindbergh Farias, do PT, coligando-se com o PSB de Campos, Garotinho argumentava ser o único que se mantém fiel a Dilma.

Com a aliança, o ex-governador consegue romper o cerco formado pelos dois grandes blocos opositores no estado: o PMDB de Pezão, coligado com 18 partidos, e o PT, com outras três siglas. Antes de fechar o acordo com Pros, Garotinho só tinha atraído para a sua campanha o nanico PTdoB, apesar de liderar as pesquisas de intenção de voto.

Às vésperas do prazo final para a realização das convenções partidárias, apenas o candidato do PRB, senador Marcelo Crivella, partido da base de governo de Dilma Rousseff, não fechou nenhuma aliança até agora.

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a direção nacional do PT pressionam Crivella a desistir da disputa e sair candidato a vice-governador na chapa de Lindbergh. Mas Crivella resiste à proposta e ontem divulgou nota reafirmando sua candidatura. “Nesse lamentável quadro pré-eleitoral do Rio de Janeiro, nenhum homem público com o mínimo de responsabilidade pode se furtar do dever de tentar construir um Rio de Janeiro melhor. Eu sou candidato.”

De olho no apoio do Pros, Garotinho e Lindbergh foram à convenção do partido que ratificou o apoio a Dilma Rousseff. Uma eventual aliança do Pros com Lindbergh causava, no entanto, mal-estar entre os candidatos do PT a deputado federal. A avaliação era que a coligação nas eleições proporcionais acabaria reduzindo o número de deputados federais do PT. “Há uma convicção de que a bancada federal vai perder um ou dois deputados do PT caso se coligue com o Pros”, observou um petista.


Aliados de Pezão e Lindbergh ficam revoltados com alianças

As alianças inusitadas no Rio causaram indignação em aliados dos candidatos ao governo Luiz Fernando Pezão, do PMDB, e Lindbergh Farias, do PT. Em represália à candidatura de Cesar Maia (DEM) ao Senado na chapa de Pezão, o presidente nacional do PDT, Carlos Lupi, decidiu disputar também a vaga de senador.

“Não há hipótese de apoiarmos Cesar Maia para o Senado. A saída que encontrei será me lançar candidato. Vamos manter uma linha de coerência, com candidatura própria ao Senado e apoio a Pezão e à presidente Dilma”, disse Lupi,ex-ministro do Trabalho. O PDT está na chapa de Pezão com o candidato a vice, deputado Felipe Peixoto.

Após chamar a aliança do PSB com o PT de “suruba”, o deputado Alfredo Sirkis anunciou ontem que desistiu de disputar a reeleição à Câmara. “Sempre fui crítico ao governo Dilma e ao PT e não posso me beneficiar do quociente eleitoral dos eleitores do PT. Algumas pessoas no meio político me olham como se eu fosse um extraterrestre”, disse.

O quociente eleitoral determina quantos deputados cada coligação elegerá. Ele argumenta que, sozinho, não alcançaria os votos necessários.

Em 2010, ele foi eleito pelo PV, mas deixou o partido e seguiu a ex-senadora Marina Silva, candidata a vice-presidente na chapa de Eduardo Campos. Sirkis é um dos principais representantes da causa ambiental no Congresso.

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