Por bferreira

Rio - A Copa do Mundo terminou no domingo sem vitória brasileira, mas a competição mais importante do ano está apenas começando e, desta vez, a bola estará no pé do eleitor. Não vai dar para colocar a culpa no Felipão.

As eleições de outubro estão chegando, e três candidatos estão entre os favoritos, a exemplo de Alemanha, Argentina e Holanda: Dilma Rousseff (PT), Aécio Neves (PSDB) e Eduardo Campos (PSB).

Outros oito correm por fora com menos chances, mas querendo fazer bonito, como a Colômbia: Pastor Everaldo (PSC), Eduardo Jorge (PV), Luciana Genro (Psol), Eymael (PSDC), Zé Maria (PSTU), Levy Fidélix (PRTB), Mauro Iasi (PCB) e Rui Costa Pimenta (PCO).

Dilma Rousseff quer mostrar que está mais para Alemanha do que para Espanha, que assim como a presidenta venceu em 2010, mas viu seu favoritismo cair por terra e teve de voltar para casa ainda no primeiro turno, ou melhor, na primeira fase.

“A vitória em 2010 foi mais tranquila porque era mais fácil defender a continuidade do projeto do PT, de redução da desigualdade social, com o crescimento econômico que havia na época. Agora, será preciso trabalhar mais para conseguir a reeleição”, analisa o cientista político Ricardo Ismael, da PUC-RJ.
Aécio Neves, que está em segundo lugar em todas as pesquisas, luta para não terminar como a Argentina, que tinha um grande trunfo a seu favor, Messi, mas, na hora do vamos ver, deixou a desejar mais uma vez, assim como o PSDB nas últimas três eleições presidenciais.

“A vantagem é que o time está unido como nunca antes. Pelo menos parece. A impressão que se tem é que o Aécio, enfim, conseguiu fazer o PSDB se fortalecer de novo. E, se conseguir bons resultados no Rio e em São Paulo, pode complicar esse jogo”, explica Ismael.

Já Eduardo Campos quer mostrar que pode ir além da seleção brasileira, que apostou num grupo novo mas acabou dando vexame. Diferentemente de Aécio, ainda precisa mostrar mais entrosamento com Marina Silva, candidata a vice em sua chapa, que, às vezes, parece mais adversária que aliada.

“É preciso mostrar, também, que é de fato uma alternativa capaz de fazer frente ao PT e ao PSDB. Heloísa Helena, Ciro Gomes, Garotinho e a própria Marina tentaram, mas sem sucesso. Ele vai ter que se sair muito bem nos programas de TV, debates e entrevistas ao vivo para entrar no páreo”, sugere o cientista político.

A tabela já foi divulgada. No dia 19 de agosto começa a propaganda no rádio e na TV. A primeira fase da eleição será no dia 5 de outubro. Se o eleitor quiser, terá jogo de volta, dia 26, para saber quem será o campeão, ou melhor, o(a) presidente (a).

Coligações garantem tempo de TV

Arranjos de última hora marcaram a definição dos programas, gerando polêmicas entre os candidatos. Para garantir um minuto a mais de exposição, Dilma Rousseff precisou ceder às ameaças do PR, que pressionou para Paulo Sergio Passos assumir o Ministério dos Transportes. À época, Dilma reclamava da passagem do PTB para a base de Aécio Neves, que sugeriu aos partidos que “sugassem” mais do governo e depois fossem compor sua base. Já Eduardo Campos condenou a “troca de pedaços do Estado por tempo de TV”.

Com a definição do quadro, praticamente a metade do tempo de propaganda na TV ficará com Dilma. Seus 11 minutos e 48 segundos correspondem a 47,2% dos 25 minutos do programa, quase o dobro do tempo que Aécio e Campos terão, juntos, no horário eleitoral.

A coligação de partidos define esse tempo, pois o cálculo é feito com base no tamanho da bancada de deputados na Câmara. Dilma é apoiada por nove legendas, a maioria partidos grandes, como o PMDB, que tem a segunda maior bancada, atrás do PT.

Aécio Neves terá quatro minutos e 31 segundos, apesar de também ter nove partidos em sua base — a maioria legendas nanicas. Os seis partidos da coligação de Eduardo Campos garantiram apenas um minuto e 49 segundos.

Tempo na TV:

Dilma: 11 min e 48 seg
Aécio: 4 min e 31 seg
Campos: 1 min e 49 seg

Dilma:

Programa: A maior bandeira é ampliar programas sociais e de redistribuição de renda, como Bolsa Família, Mais Médicos e Minha Casa, Minha Vida. Ela defende estímulo à produção para manter os empregos em alta.

Desafio: Retomar o crescimento econômico do país, tido como fundamental para dar continuidade aos programas sociais e evitar que o desemprego volte a assombrar o trabalhador

Aécio:

Programa: Opositor ao modelo petista, tem no combate à corrupção e na estabilidade da moeda a base do discurso. É defensor ferrenho do agronegócio. Na área de segurança, prometeu espalhar UPPs pelo país.

Desafio: Mostrar para a sociedade que arrumar a economia não pode representar um retrocesso nas políticas de redução da pobreza e da desigualdade social, conquistas do atual governo.

Campos:

Programa: Ele se apresenta como uma terceira via, de aperfeiçoamento da atual gestão e em busca de uma sintonia maior com os setores da sociedade descontentes com os erros dos últimos governos de PT e PSDB.

Desafio: Conseguir mostrar força além da Região Nordeste e, principalmente, se colocar como uma alternativa real às outras duas opções, em vez de ser apenas mais uma candidatura

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