Por bferreira

Rio - Nas eleições deste ano, que prometem entrar para história como as mais caras de todos os tempos, as empresas, principalmente empreiteiras, terão papel fundamental nas campanhas do próximo presidente da República. Em 2013, apesar de não ter sido ano eleitoral, os diretórios nacionais do PT, de Dilma Rousseff, o PSDB, de Aécio Neves, e o PSB, de Eduardo Campos, receberam, juntos, R$ 80,8 milhões em doações de empreiteiras. Os três principais presidenciáveis preveem gastos de R$ 738 milhões.

A preferência das empreiteiras pelo PT é clara: sozinha a legenda ganhou R$ 60 milhões, apenas em 2013. Isso não significa, no entanto, “fidelidade partidária” das empreiteiras, que aparecem na lista dos doadores das três legendas. Os dados estão disponíveis no site do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Doações de pessoas físicas e jurídicas são uma das fontes do financiamento dos partidos, que também recebem dinheiro do Fundo Partidário.

Entre os partidos dos principais candidatos à presidência, o PT foi o campeão de doações de pessoas físicas e jurídicas ao longo do anos passado. A legenda arrecadou R$ 79,8 milhões, mais do que o dobro de PSDB e PSB que, somados, receberam R$ 22 milhões e R$ 8,2 milhões, respectivamente. Nas listas dos doadores dos três, figuram grupos como a OAS, que desembolsou R$ 7,1 milhões para o PT, divididos em 11 parcelas de valores variados. A mesma construtora dividiu R$ 3,7 milhões em oito vezes para o PSDB e “apenas” R$ 1,5 milhão em duas parcelas para o PSB.

A Odebrecht também aposta nos três partidos, mas a disparidade entre os valores gastos é maior: o PT recebeu R$ 6 milhões, enquanto PSDB e PSB receberam “modestos” R$ 200 mil e R$ 500 mil, respectivamente.

Há 20 anos que o PT e o PSDB se alternam na liderança das arrecadações de campanha. Na lista das empresas com as maiores doações para o PT em 2013, está a construtora Queiroz Galvão, classificada na quinta posição, tendo destinado R$ 7 milhões, menos que os R$ 8,75 milhões entregues ao PSDB.

O PT retoma a frente com as doações da empreiteira Camargo Corrêa, com 12,3 milhões, mais do que os recursos dirigidos ao PSDB, de R$ 3 milhões.

Especialistas divergem sobre doações

Para Clarisse Gurgel, professora de Estudos Políticos da Unirio, a opção das empreiteiras em apoiar mais de um partido mostra que eles não têm tantas diferenças assim. “Tanto PT, como PSDB e PSB trazem candidaturas que são interessantes para as empresas. Essas cifras mostram que, independente de quem ganhar, as empreiteiras não vão perder”, indica a especialista. “Só há o investimento porque as empresas esperam retorno. É como uma bolsa de valores da política”, comparou Clarisse.

Já para Cristiano Noronha, chefe do Departamento de Análise Política da empresa de consultoria Arko Advice, de Brasília, nem todas as empresas esperam que suas doações tenham contrapartida. “Não se pode generalizar, ainda que isso aconteça. Essas empreiteiras são grandes e vencem contratos públicos por isso, muitas vezes. E a lei permite doações”, disse.

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