Por leonardo.rocha

O candidato do PSDB à Presidência da República, Aécio Neves, criticou nesta quarta-feira a gestão da presidente Dilma Rousseff (PT) ao dizer que o Brasil vive atualmente um estado de “estagflação”.

O termo foi cunhado durante o Diálogo da Indústria com Candidatos à Presidência da República, promovido pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). O tucano defendeu também que o governo dedique 5% do Produto Interno Bruto (PIB) em infraestrutura e falou em “choque de infraestrutura” para atrair capitais privados de investimento.

Candidato do PSDB à Presidência da República, Aécio Neves, participa de encontro com empresários na CNI Murillo Constantino / Agência O Dia


“Se tivemos um cenário externo desfavorável, tivemos atitudes internas que nos levaram a um processo de estagflação, de crescimento pífio da economia. Mesmo com preços represados em alguns setores, a inflação estoura o teto da meta. Na economia, a previsibilidade é fundamental”, disse Aécio.

“Perdemos oportunidades extraordinários. (Temos um governo que) não teve capacidade de mobilizar os investimentos necessários para avançar nossa infraestrutura”, acrescentou o tucano, que defendeu a criação de uma “agenda de infraestrutura que aumente a competitividade da indústria”.

O tucano defendeu a queda na taxa de juros e criticou a condução do atual governo nesse quesito. “Precisamos de uma taxa de juros mais baixa. Isso não será resolvido com voluntarismo, com discursos de TV, mas com melhoria na confiança na economia”, afirmou Aécio. O senador mineiro também criticou a postura do governo em relação à taxa de câmbio e disse que Dilma promove em seu governo “populismo cambial”.

Aécio propôs um desafio de aumento das taxas de investimentos. “Quero estabelecer para o próximo governo e para o setor produtivo brasileiro nossa meta. Em Minas Gerais, sempre trabalhamos com metas, Minas é o único Estado que todos os servidores são avaliados por desempenho. Isso melhorou indicadores sociais. Quero propor que, ao final de 2018, saltemos do patamar que estamos amarrados de 18% de investimentos para alcançarmos 24% por meio de uma grande articulação do governo com o setor privado”, declarou o tucano.

Aécio fez menção ao caso do funcionário demitido pelo Santander depois que o banco disparou carta a uma parte de seus clientes afirmando que a reeleição de Dilma seria ruim para o cenário econômico. “Se demitir um funcionário que elabora uma análise igual às que recebemos todas as semanas resolvesse o problema, tudo bem, mas a crise só se agrava com este governo porque não tem capacidade de demonstrar o que vai fazer em relação ao futuro”, disparou o tucano.

Redução da carga tributária

Ao ser questionado sobre o que pretende fazer para reduzir a carga tributária, o tucano sugeriu a simplificação do sistema tributário brasileiro, com redução de impostos indiretos. “A simplificação abre espaço para diminuição do peso da carga tributária na economia. Precisamos fazer um controle efetivo dos gastos correntes do governo”, declarou Aécio, que prometeu também desonerar a carga de impostos sobre investimentos e importações para estimular a retomada do investimento.

Aécio também usou a goleada que o Brasil levou na Copa do Mundo por 7 a 1 contra a Alemanha nas semifinais do torneio para ironizar o quadro econômico atual. A inspiração veio de uma provocação feita por um empresário que lembrou da derrota brasileira, no Mineirão de Belo Horizonte, e questionou o senador sobre como pretende promover o crescimento rápido da economia.

“Lamento esse 7 a 1, principalmente por ter sido no meu Estado, mas este é o que menos me preocupa. O que me preocupa é o que o governo vai deixar aí 7% de inflação e 1% de crescimento”, ironizou o tucano para aplausos da plateia de empresários.

Eduardo Campos

Após sua palestra, Aécio respondeu a algumas perguntas numa coletiva organizada pela CNI. Ele foi questionado sobre a crítica que o candidato do PSB fez ao modelo de coalizão entre partidos políticos que dá sustentação ao governo da presidente Dilma. Ao responder, Aécio disse que o socialista não é seu adversário.

“Não me vejo como adversário de Eduardo Campos, sou adversário do atual governo que está aí. A minha candidatura é a candidatura do segmento de pensamento da sociedade brasileira que está percebendo o mal que essa gestão aparelhada, desconectada do mundo real vem fazendo ao Brasil. Não mudarei o meu foco. Quero é mostrar as contradições do atual governo e nossas propostas para iniciar um novo ciclo no País”, disse Aécio.

Apesar do clima de cordialidade, o senador mineiro não deixou escapar a chance de se posicionar no espectro eleitoral como um candidato que também propõe mudanças. “Sempre fui muito crítico ao monopólio de posições. Talvez o PT seja o melhor exemplo de como o monopólio não faz bem. O PT se julgava há alguns anos o monopolista da ética na política. Vimos oonde isso chegou. Portanto, ninguém pode ter o monopólio da mudança verdadeira. A minha se dará como oposição clara ao atual governo”, afirmou o tucano.

Você pode gostar