Brasília - O advogado Nelio Machado anunciou ontem que decidiu deixar a defesa do ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa, preso acusado de participar do esquema de lavagem dinheiro montado pelo doleiro Alberto Youssef, porque ele negocia com a Justiça a delação premiada. A decisão de Costa teria sido tomada por causa da nova etapa da Operação Lava Jato, ontem, em 13 empresas de uma filha, um genro e um amigo de Costa.
Machado afirmou que discorda da nova estratégia e, por isso, deixou a defesa de Costa. Ele informou que uma advogada especializada em delação premiada será enviada pela família a Curitiba, onde o ex-diretor está preso, para fechar o acordo com a Justiça.
Além da possibilidade de a investigação envolver parentes seus, Costa teria cedido à pressão da Justiça diante das provas colhidas pela Polícia Federal, que praticamente não deixaram chances de absolvição.
O depoimento de Paulo Roberto Costa é considerado como fundamental para chegar a todos os envolvidos no esquema que teria sido montado para desviar recursos da Petrobras com obras superfaturados. Youssef seria o responsável pela lavagem do dinheiro desviado.
Costa assumiu a diretoria da Petrobras em 2004 e ficou no cargo até 2012. Ele foi indicado pelo PP, com aval do deputado federal Paulo Maluf. Na estatal, conseguiu também o apoio do PT e do PMDB. Além disso, por sua posição, passou a ter contato direto com dirigentes de grandes empreiteiras.
Como diretor da estatal, Paulo Roberto Costa participou de uma das maiores obras da estatal: a construção da Refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco. O projeto, segundo estimativas da empresa, já consumiu US$ 18,5 bilhões (equivalentes a R$ 42,2 bilhões).
O ex-diretor é réu em um processo no qual é acusado de ter superfaturado contratos da refinaria e o valor a mais pago teria retornado a ele como propina. Há suspeita de que o dinheiro desviado da obra tenha sido mandado por Youssef para a Suíça e outros paraísos fiscais.
Costa foi preso em 20 de março acusado de ocultar provas, mas foi solto por decisão do ministro Teori Zavascki, do Supremo Tribunal Federal. Mas acabou preso de novo em 11 de junho, quando autoridades da Suíça informaram à Justiça brasileira que ele tinha 23 milhões de dólares depositados em contas naquele país.