Por tamara.coimbra
Suspeita é de que foram enterrados pelo menos 15 militantes mortos na ditaduraMatuiti Mayezo / Folhapress

São Paulo - Uma cerimônia nesta quinta-feira na Assembleia Legislativa vai marcar a retomada do trabalho de identificação de ossadas encontradas em 1990 em uma vala clandestina no Cemitério de Perus, na Zona Norte paulistana. A principal suspeita é que os restos mortais sejam de militantes políticos torturados e assassinados durante a Ditadura Militar.

A análise do material será feita em convênio pela Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República (SDH), a Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos, a Secretaria Municipal de Direitos Humanos de São Paulo e a Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Desde julho, pesquisadores já têm feito uma compilação de informações escritas e audiovisuais para definir as possíveis vítimas enterradas na vala clandestina.

O próximo passo será coletar material para elaborar o perfil genético das ossadas. A estimativa é que a lavagem, secagem, catalogação e triagem sejam feitas ao longo do próximo ano.

A vala clandestina de Perus foi descoberta em setembro de 1990 durante o governo da então prefeita Luiza Erundina. À época, a prefeitura determinou a apuração da origem das ossadas e assinou convênio com a Universidade de Campinas (Unicamp), mas o trabalho foi interrompido. Os ossos foram levados, em 2001, para o Cemitério do Araçá, onde estão guardados até hoje.

A demora para a conclusão do trabalho de identificação foi questionada em uma ação civil pública de 2009, apresentada pelo Ministério Público Federal (MPF). Acredita-se que, entre as ossadas, estejam os restos mortais de pelo menos 15 desaparecidos. No ano passado, após uma tentativa de acordo com a União, o Ministério Público Federal decidiu prosseguir com a ação.

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