Brasília - Com direito a música de Gonzaguinha, o ex-ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência Gilberto Carvalho deixou o cargo ontem e disparou contra a oposição. Durante a cerimônia de transmissão do posto para o novo titular Miguel Rossetto (PT), Carvalho defendeu o governo e declarou que “não temos que ter medo de ninguém nem vergonha de ninguém. Não somos ladrões”.
O petista, que assumirá a a presidência do Conselho Nacional do Sesi (Serviço Social da Indústria), atacou os adversários do PT. “E a quem disse que perdeu a eleição para uma quadrilha, quero responder dizendo que essa é a nossa quadrilha... Para eles, pobre é quadrilha, essa é a quadrilha dos pobres, que foi o tempo todo marginalizada. Com muito orgulho quero dizer que eu pertenço a essa quadrilha”, disparou, sendo bastante aplaudido.

A declaração foi em resposta ao candidato ao governo derrotado nas eleições de 2014, senador Aécio Neves (PSDB - MG), que se referiu ao PT como uma “quadrilha”. “Não perdi a eleição para um partido político. Eu perdi a eleição para uma organização criminosa que se instalou no seio de algumas empresas brasileiras patrocinadas por esse grupo político que aí está”, disse Aécio durante uma entrevista no final de novembro.
Carvalho disse ter “orgulho” dos últimos 12 anos —tempo em que o PT está no governo — e disse que o partido “conseguiu fazer o essencial”. Ele também pediu desculpas à presidenta Dilma Rousseff porque, em suas palavras, “deu muita dor de cabeça a ela, principalmente com suas declarações a imprensa”. Em entrevista à BBC Brasil após as eleições, Carvalho afirmou que Dilma deixou a desejar no diálogo com a sociedade em seu primeiro mandato. “Dessas bombas, em nenhum momento me arrependi. Foi uma convicção muito forte de que um governo, para além de realizar, precisa interpretar a realidade e ser educador”, justificou-se.
O ex-ministro homenageou o petista Luiz Gushiken, morto em 2013, e que foi inocentado no processo do Mensalão. Ele reconheceu que “há entre nós pessoas que tombaram, que caíram nos erros”. Seguindo a tônica do discurso repetido por Dilma durante a campanha eleitoral, Carvalho ressaltou a postura do PT contra a corrupção. “Diferentemente de antes, cada um de nós que cometeu um erro foi punido, pagou um preço doloroso para nós. Isso eu espero que sirva de fato para um novo padrão republicano”, afirmou.
“Como disse a presidenta Dilma, temos que defender as nossas empresas de predadores e inimigos. As estruturas de governança devem sim ser criadas e aprimoradas, funcionando em articulação com as ferramentas de autoria e investigação”, afirmou Simão.