Por felipe.martins, felipe.martins
Rio - O ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa revelou à Polícia Federal que recebeu do lobista Fernando Soares, conhecido como Fernando Baiano e apontado como operador do PMDB, um total de US$ 1,5 milhão para “não causar problemas” em uma reunião que iria definir a compra pela Petrobras da Refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos.
Em depoimento prestado em setembro do ano passado na superintendência da PF, Costa afirmou que a compra da refinaria pode ter envolvido uma propina de US$ 20 milhões a US$ 30 milhões – valor supostamente pago pela Astra Oil, antiga dona, ao ex-diretor de Internacional da estatal Nestor Cerveró e ao lobista Fernando Baiano.
Costa disse que dinheiro teria sido distribuído por Fernando Baiano Divulgação

“Havia boatos na empresa de que o grupo de Nestor Cerveró, incluindo o PMDB, e Fernando Baiano, teria dividido algo entre vinte e trinta milhões de dólares, recebidos provavelmente da Astra”. Ao afirmar que a compra não foi uma boa transação, Costa confessou ter recebido US$ 1,5 milhão de Baiano, para “não atrapalhar o negócio”.

É a primeira vez que o depoimento de Costa admitindo que houve propina para fechar a compra de Pasadena vem a público. De acordo com o próprio Costa, o valor foi depositado em seu favor entre 2007 e 2008 em uma conta no paraíso fiscal de Liechteinstein, onde esteve em viagem com Baiano.Costa ficou em dúvida, mas disse acreditar que “este valor tenha sido bancado pela própria Astra Petróleo”.

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No depoimento ao Ministério Público Federal, o ex-diretor de Abastecimento contou que havia dúvidas sobre a viabilidade da compra da refinaria, que importaria um investimento, pela Petrobras, de US$ 1 bilhão ou US$ 2 bilhões. Mesmo assim, o negócio foi aprovado “por unanimidade” pelos dirigentes da estatal, incluindo o ex-presidente Sergio Gabrielli.Costa revelou ainda que Baiano “tinha uma boa circulação entre todos os partidos”.
Empreiteiro acusa ex-dirigente de achaques

Em uma petição de 85 páginas, os advogados do executivo Gerson de Mello Almada, vice-presidente da construtora Engevix, acusam o ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa de fazer “achaques”, “exigir” propinas e “extorquir” os empresários “em nome de partido, ou em nome de governo”. Almada é um dos presos pela Operação Lava Jato, da Polícia Federal.
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A petição do executivo da Engevix é a primeira manifestação de empreiteiro preso pela Lava Jato que associa diretamente o escândalo da Petrobras a um suposto esquema político de apoio ao governo federal. Almada não apresentou provas específicas de suas acusações.
Segundo o empreiteiro, “não é verdade” que Costa e outros diretores da Petrobras tenham oferecido vantagens aos empresários, mas sim que eles fizeram exigências aos empreiteiros. Os diretores da estatal teriam sido “cooptados para o objetivo ilegítimo de poder político”.
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Pelo relato do empreiteiro, o ex-diretor de Abastecimento exigia o pagamento dos recursos dos empresários em troca da manutenção dos contratos na Petrobras. João Mestieri, advogado de Costa, afirmou ontem que as acusações de achaque por parte de seu cliente são inverídicas. “Criou-se uma maneira de proceder que era sustentada pela política. A pressão vinha do lado político”, disse o advogado.
Vaccari é exonerado
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Citado na Operação Lava Jato, o tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, foi exonerado do Conselho de Itaipu Binacional. Sua vaga será ocupada por Giles Azevedo, ex-chefe de gabinete da Presidência da República. A saída de Vaccari e a nomeação de Giles foram publicadas ontem no Diário Oficial da União.
O afastamento de Vaccari do Conselho de Itaipu era um desejo do Palácio do Planalto desde o final do ano passado. Durante a campanha eleitoral, o nome do tesoureiro do PT foi citado tanto pelo doleiro Alberto Youssef quanto por Paulo Roberto Costa. Eles acusaram Vaccari de intermediar negócios entre fundos de pensão de estatais e empresas ligadas ao doleiro.
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A defesa do vice-presidente da Camargo Corrêa, Eduardo Leite, entregou à Justiça um atestado médico com a alegação de que o executivo sofre de transtorno afetivo bipolar. Assinado pelo psiquiatra Sivan Matter, o documento diz que Leite apresenta uma piora na doença realçando “sintomas de angústia, ansiedade, insônia, choro e irritabilidade”. Os advogados querem que ele seja tratado fora da prisão da Polícia Federal, onde está desde novembro.

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