Por bferreira

Rio - O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva veio ao Rio para um ato organizado em defesa da Petrobras e teve prova do clima belicista que se instalou entre militantes pró e anti-PT desde as eleições do ano passado. Vaiado e xingado por um grupo, aplaudido por militantes do PT e da CUT, ele chegou para discursar no auditório da Associação Brasileira de Imprensa após brigas, confusões e pancadaria entre os rivais. Foi necessário reforço da Polícia Militar, que fizeram cordão de separação para evitar tumultos maiores. Não houve feridos com gravidade.

Cercado por petroleiros e militantes do PT, o ex-presidente Lula condenou os que, segundo ele, querem punir a Petrobras e criminalizar a políticaFoto%3A João Laet / Agência O Dia

Em 30 minutos de fala, prometeu "voltar às ruas" para manifestações a favor do governo da presidenta Dilma Rousseff, e afirmou que a estatal "não pode ser jogada fora por culpa de meia dúzia de pessoas". "Não vamos ficar chorando, vamos lutar pelo que é nosso. Lutar pela Petrobras é lutar pelo Brasil", conclamou.

O ex-presidente falou após figuras como Wadih Damous, ex-presidente da OAB do Rio, que criticou o rumo das investigações da Operação Lava-Jato da Polícia Federal, e o líder do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST) João Pedro Stédile. Este cobrou que Lula "volte a ser o líder de São Bernardo do Campo".

Leia também: Ato com Lula em defesa da Petrobras tem confusão no Centro

"Tudo o que a Marisa (Letícia, esposa) quer que eu volte a ser o Lula de quarenta anos atrás", declarou Lula. Em conselho a atual presidenta, ele sugeriu que ela "levante a cabeça para as eleições." "A nossa companheira Dilma Rousseff tem que deixar o negócio da Petrobrás para Petrobrás, a corrupção para o ministério da Justiça e para Polícia Federal. A Dilma tem que levantar a cabeça e dizer: eu ganhei as eleições", afirmou Lula, que reclamou do fato de a "direita" estar mais na rua do que os defensores do governo. "Parece que nós perdemos a eleição".

O ex-presidente também se disse "orgulhoso de ter sido o presidente que mais visitou a Petrobras", e afirmou que a oposição quer "punir" a estatal e "criminalizar a política. "Já na campanha, era crime receber Bolsa-Família. A elite está criminalizando a ascensão social de uma parte da sociedade brasileira". Em defesa da empresa, ele disse que petroleiros "não devem ter vergonha de seus empregos". "Vocês até deveriam passear com esse macacão que estão usando", brincou.

Durante a fala, Lula mencionou outros presidentes que foram alvos de acusações, como Getulio Vargas, João Goulart e ele próprio, durante o escândalo do Mensalão, em 2005. "Eles estão fazendo o mesmo jogo que fizeram a vida inteira. A ideia básica é criminalizar antes, tornar você bandido antes de ser investigado. O problema é que uma inverdade falada várias vezes vira verdade no inconsciente de milhões de pessoas".

Collor na lista da propina de Youssef

O doleiro Alberto Youssef afirmou a procuradores ligados à Operação Lava Jato, que o senador e ex-presidente da República Fernando Collor de Mello (PTB-AL) recebeu dele propina de R$ 3 milhões. O dinheiro teria sido pago pela intermediação de negócio da BR Distribuidora, subsidiária da Petrobras.

Em nota, Collor negou que tenha recebido propina e disse que as afirmações do doleiro são de “absoluta falta de veracidade e credibilidade”. “Ainda mais quando recolhidas e vazadas de depoimentos tomados em circunstâncias que beiram a tortura de um notório contraventor da lei, agravados por suas condições físicas e psicológicas”, diz.

Segundo a ‘Folha de S.Paulo’, a operação com a BR Distribuidora foi negociada por um emissário do senador e do PTB, o empresário Pedro Paulo Leoni Ramos, amigo de Collor desde a juventude.
Ontem, o ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró foi denunciado mais uma vez pelo Ministério Público Federal. Desta vez, sob acusação de ocultar de seu patrimônio um apartamento no Rio.

Você pode gostar