Rio - O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, revelou nesta sexta-feira que sua casa foi arrombada e invadida no fim de janeiro e que, por isso, desde então passou a adotar medidas para garantir sua segurança. O procurador observou, no entanto, que não sabe se o risco está relacionado a algum caso específico, como a Operação Lava Jato, que investiga lavagem de dinheiro e desvios de dinheiro da Petrobras. “Não sou uma pessoa assombrada. Mas alguns fatos concretos têm me levado a adotar algumas regras de contenção”, afirmou.
O arrombamento da casa em Brasília foi usado como exemplo. Na ocasião, segundo ele, criminosos ficaram pelo menos oito minutos na residência. “Tinha lá uma pistola com três carregadores, máquina fotográfica e tudo quanto é coisa de valor. E a única coisa levada foi o controle do portão”, contou ontem, em visita a Uberlândia, no Triângulo Mineiro.
Desde então, Janot recebe relatórios de inteligência. “Nos relatórios últimos, parece que aumentou um pouquinho o nível de risco. Por isso as precauções”. Um forte esquema de segurança foi feito em Uberlândia para receber Janot, um dia após o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, revelar que o procurador-geral corre risco. Foram escalados 80 homens – entre eles, três atiradores de elite.
Janot participou de ato em repúdio ao atentando sofrido pelo promotor Marcos Vinícius Ribeiro Cunha, atingido por três tiros, no dia 21, em Monte Carmelo, no Alto Paranaíba. O atentado foi motivado pela investigação que levou à cassação do mandato do ex-presidente da Câmara municipal Valdelei José de Oliveira.
Para Rodrigo Janot, a reação a qualquer atentado ou ameaça a integrantes da instituição “deve ser imediata e eficiente”. “Esta é a razão da minha presença aqui”, argumentou ele em Minas.
O procurador-geral contou ainda que viajou para o município mineiro em uma aeronave da Força Aérea Brasileira (FAB) para evitar voo de carreira. Essa foi uma das recomendações feitas anteontem pelo ministro José Eduardo Cardozo.
Lista com nomes de políticos sai na semana que vem
O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, apresenta no início da semana que vem a lista com os nomes dos políticos que devem ser investigados por suspeita de envolvimento no esquema de desvio de recursos da Petrobrás.
Janot pretende pedir ao Supremo Tribunal Federal (STF) aberturas de inquéritos – e não fazer denúncias diretas – contra os políticos suspeitos de participar do esquema de corrupção na estatal. A partir das delações e das provas colhidas em buscas e apreensões, procuradores avaliaram que, em alguns casos, havia elementos suficientemente robustos para a apresentação direta de denúncias contra alguns políticos.
Entre esses casos estava o do senador Fernando Collor (PTB-AL). Em 2014, policiais encontraram no escritório do doleiro Alberto Youssef oito comprovantes de depósitos para Collor, que somam R$ 50 mil. Todos feitos em dinheiro vivo em maio de 2013. Collor negou manter relação com o doleiro.
A Procuradoria deve pedir ainda a quebra do sigilo bancário de parte dos políticos investigados na Operação Lava Jato, no momento das solicitações de abertura de inquéritos pelo Supremo Tribunal Federal.