Por clarissa.sardenberg

Rio - Ex-gerente executivo da diretoria de Serviços da Petrobras, Pedro Barusco disse nesta segunda-feira em depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Petrobras que se reuniu com o tesoureiro do PT João Vaccari Neto a fim de tratar do recebimento de propinas para o partido no esquema de desvio de dinheiro que envolveu a petroleira, empreiteiras e políticos.

Barusco disse que conheceu Vaccari durante uma reunião com o ex-diretor de Serviços da Petrobras, Renato Duque. “Os encontros com Vaccari, via de regra, eram em hotéis e duravam cerca de uma hora. Eu não participava de todas as reuniões; normalmente quem recebia o Vaccari era o Duque”, disse.

Antes, Barusco havia sido questionado pelo deputado do PT, Afonso Florence (BA) se tinha provas de que o tesoureiro do PT recebia parte da propina. "Que provas o senhor tem de que Vaccari Neto lhe obrigou a participar de ilícitos?"

No início do seu depoimento, o ex-gerente da Petrobras disse estimar que o partido recebeu entre 2003 e 2013 de US$ 150 a US$ 200 milhões, mas que não tinha como afirmar se Vaccari de fato recebeu o dinheiro.

Barusco%2C ex-gerente da Petrobras e delator da Operação Lava Jato%2C depõe na CPI da Petrobras Agência Brasil

“Eu contei a verdade para a Polícia Federal e o Ministério Público [Federal]. Contei a verdade, mas não tenho a documentação. Contei como acontecia, os encontros, a divisão [da propina], simplesmente falei o que eu sabia”, respondeu Barusco.

O ex-gerente disse não saber quem autorizou João Vaccari Neto a se relacionar com as empresas. "Mas o fato é que ele atuava, sim", disse Barusco, que garantiu jamais ter feito pagamentos ao tesoureiro do PT.

Barusco disse que o esquema de cartel envolvendo empresas se intensificou a partir de 2003 e 2004 e que percebeu a atuação nos contratos das Refinarias Abreu e Lima, em Pernambuco, e no Comperj, no Rio de Janeiro. “A gente sabia que existia o cartel”, disse.

De acordo com Barusco não havia extorsão com as empresas que participavam do esquema. “Eu fico procurando na minha mente, na minha memória e não encontro caso nenhum de extorsão. Era uma relação normal, uma relação em que se acordavam as coisas, havia um conflito aqui e ali para se discutir alguma coisa, mas extorsão eu nunca vi”, disse.

Ele revelou ter recebido US$ 97 milhões em propinas de 2003 a 2011, quando trabalhava na Petrobras, e entre 2011 e 2013, período em que ocupou uma diretoria na empresa Setebrasil, criada para construir sondas de perfuração do pré-sal. Ele disse que parte do dinheiro está sendo repatriada.

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