Por tamara.coimbra

São Paulo - O Grupo de Atuação Especial de Controle Externo da Atividade Policial (GECEP), do Ministério Público de São Paulo, instaurou nesta quinta-feira procedimento para investigar denúncias de maus tratos contra a travesti Verônica Bolina, de 25 anos. O caso também é apurado pela Corregedoria da Polícia Civil. Ela será ouvida ainda nesta sexta-feira, segundo fontes do MP.

Verônica Bolina ficou deformada depois de apanhar em distrito policial em SPReprodução

A história de Verônica ganhou repercussão no último domingo após ela ter sido agredida dentro da delegacia e fotos em que aparece com o rosto desfigurado, os seios à mostra e as mãos e as pernas algemadas começarem a ser divulgadas nas redes sociais.

De acordo com a Secretaria de Segurança Pública, ela foi presa e encaminhada para o 2º DP (Bom Retiro-SP) na última segunda-feira, acusada de tentativa de homicídio contra uma idosa de 73 anos. Ainda de acordo com a SSP, no último domingo, Verônica, que estava na cela com outros detentos, "expôs a genitália e começou a se masturbar, o que provocou a revolta dos outros presos”. Um carcereiro entrou na cela para retirá-la da confusão, mas Verônica teria mordido a orelha dele. “O delegado esclarece que Verônica se machucou durante esses confrontos”, informou a pasta, em nota.

Os promotores querem saber agora em quais circunstâncias Verônica teria sido agredida. Nas redes sociais, a campanha #SomosTodosVerônica, em que os internautas afirmam que ela foi torturada por ser travesti ganhou repercussão rapidamente.

A Defensoria Pública, que assumiu a defesa da travesti, ingressou com pedido judicial para que Verônica seja ouvida por um juiz, que deverá verificar indícios de maus tratos cometidos quando ela estava sob a custódia do Estado. O órgão saber também em que condições ocorreram as agressões.

Além disso, a Defensoria pede que a acusada seja ouvida reservadamente por um defensor público. "O encontro que Verônica teve com a Defensora Pública foi assistido pelo Delegado de Polícia e por um carcereiro, situação que configura constrangimento", diz o órgão, em nota.

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A SSP informou que o delegado Luiz Roberto Hellmeister, titular do 2º DP disponibilizou todas as condições necessárias para os atendimentos realizados pela Defensoria Pública. "Diante do histórico de agressividade da detenta, no entanto, houve a necessidade de acompanhamento policial durante esses atendimentos. No caso da Defensoria Pública, isso foi feito a uma distância que garantisse a privacidade e a segurança dos envolvidos", informou o órgão.

Áudios

Em gravação divulgada pela coordenadora de Políticas para a Diversidade Sexual do Estado de São Paulo, Heloísa Alves, Verônica diz que não foi torturada. A ação de tortura foi levantada após as fotos da travesti com o rosto desfigurado serem divulgadas.

“Não fui torturada pela polícia. Eu simplesmente agi de uma maneira que achava que estava possuída, agredi os policiais, eles só agiram com o trabalho deles”, diz Verônica.

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