Por marcelle.bappersi

Brasília - Integrante da força-tarefa da Lava Jato, o procurador Carlos Fernando dos Santos Lima afirmou nesta segunda-feira que o esquema de corrupção na Petrobras utilizou o mesmo procedimento do mensalão: a compra de parlamentares para formação de apoio ao governo.

Segundo os investigadores, o ex-ministro José Dirceu foi um dos responsáveis por criar e comandar o esquema na estatal, ainda quando esteve à frente da Casa Civil, durante o primeiro governo Luiz Inácio Lula da Silva.

“Chegamos a um dos líderes principais, que instituiu o esquema”, disse o procurador. “Isso passou pelo mensalão, passou pela investigação do caso, passou pela prisão e perdurou apesar da movimentação da máquina do STF e do judiciário.”

Sem mencionar a prisão de José Dirceu, o PT divulgou nota na qual nega ter participado de “qualquer esquema de corrupção” e afirma que todas as doações que recebeu foram “legais”. “O Partido dos Trabalhadores refuta as acusações de que teria realizado operações financeiras ilegais ou participado de qualquer esquema de corrupção. Todas as doações feitas ao PT ocorreram estritamente dentro da legalidade, por intermédio de transferências bancárias, e foram posteriormente declaradas à Justiça Eleitoral”, diz a nota, assinada pelo presidente do partido, Rui Falcão.

Dirceu deveria dormir na penitenciária da Papuda, caso não fosse levado para a Superintendência da Polícia Federal no Paraná.

O ex-ministro José Dirceu foi preso nesta segunda%2C em Brasília%2C pela Polícia Federal pela 17ª operação da Lava JatoJose Cruz/ABr

José Dirceu foi preso pela Polícia Federal (PF) em Brasília nesta segunda-feira (3). Além do ex-ministro foi preso também o irmão dele, Luiz Eduardo de Oliveira e Silva. Os investigadores querem saber se a empresa em que ambos eram sócios, a JD Consultoria, prestou serviços a empresas que desviaram dinheiro da Petrobras.

Nesta nova fase, a PF cumpre 40 mandados judiciais, sendo três de prisão preventiva, cinco de prisão temporária, 26 de busca e apreensão e seis de condução coercitiva, quando a pessoa é obrigada a prestar depoimento. A operação foi batizada de Pixuleco, em alusão ao termo utilizado para nominar propina recebida de contratos.

Na coletiva de imprensa, o procurador Santos Lima afirmou não ter ainda uma estimativa do valor total da propina nesse esquema, mas que foi pedido o bloqueio de R$ 20 milhões dos bens de cada um dos envolvidos.

Segundo o procurador, José Dirceu aceitou a indicação de Renato Duque para diretor da Petrobras e, a partir dali, organizou a recepção de propinas de empreiteiras. De acordo com Santos Lima, as delações de Milton Pascowitch e Julio Camargo ajudaram a provar a culpa de José Dirceu.

O ex-ministro teria recebido valores enquanto era acusado no mensalão e enquanto já estava preso. "A prisão e a investigação 'não inibiram a sua atuação', disse o procurador, justificando o seu pedido de prisão.

O delegado da PF Márcio Adriano Anselmo afirmou que a investigação tem a comprovação de pagamentos mensais feitos a José Dirceu e pessoas ligadas diretamente a ele e citou as empreiteiras Camargo Correa, OAS, Engevix, UTC como pagadoras de propina.

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