Por gabriela.mattos

Brasília - Depois de mais de dez horas de sabatina, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, teve seu nome aprovado na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado. Foram 26 votos a favor e apenas um contra. A votação foi secreta. Seu nome ainda precisa ser chancelado pelo plenário do Senado. A expectativa é que o procurador seja reconduzido ao cargo para mais dois anos, mesmo com 13 dos 81 senadores investigados na Operação Lava Jato.

Janot enfrentou diversas acusações feitas por Collor%2C como a de ser “catedrático em vazar informações”Reuters

Durante a sabatina, senadores do PT foram duros ao cobrar de Janot uma conduta mais isonômica do Ministério Público. Na avaliação dos petistas, há seletividade de denúncias, investigações e vazamentos que têm como alvo o partido, ao mesmo tempo em que existe indulgência para com os casos que envolvem o PSDB e figuras da oposição.

Denunciado na Lava Jato, o senador Lindbergh Farias (PT-RJ) reclamou do arquivamento de citação ao senador Aécio Neves (PSDB-MG) como beneficiário de propina em Furnas pelo doleiro Alberto Youssef.

Na sabatina, Janot defendeu a legalidade da Lava Jato e disse que nunca viu nada tão grande. “A Petrobras foi e é alvo de um mega esquema de corrupção. Um enorme esquema de corrupção que eu, com 31 anos de Ministério Público, jamais vi algo precedente”, afirmou.

O procurador contou ainda que a multa imposta ao delator Julio Camargo foi elevada porque ele omitiu fatos na sua delação premiada, mas que não houve consequências mais graves porque “ele estava realmente em estado de ameaça”. “Ele (Camargo) não falou porque tinha receio de sua própria vida”, disse. O delator foi multado em R$ 40 milhões. Camargo acusou o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), de ter recebido US$ 5 milhões de propina do esquema de corrupção da Petrobras.

O procurador também negou que tenha aceitado fazer parte de um “acordão” entre a PGR (Procuradoria-Geral da Republica), a Presidência da República e o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL) para poupar alguns políticos com o intuito de garantir a governabilidade no Congresso. Janot ainda defendeu a delação premiada.

Xingamentos e bate-boca

Em um dos momentos mais tensos da sabatina do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, o ex-presidente e senador Fernando Collor (PTB-AL) sussurrou xingamentos ao chefe do Ministério Público Federal. Segundo relatos de dois senadores que estavam próximos ao ex-presidente, Collor chamou o procurador-geral de “filho da puta” e “calhorda”. Os xingamentos não foram captados pelo sistema de som porque foram feitos fora do microfone.

Esta é a segunda vez que Collor xinga Janot publicamente. No início do mês, o ex-presidente fez discurso contra Janot na tribuna do plenário do Senado.

Denunciado pelo procurador, na semana passada, sob a acusação de corrupção e lavagem de dinheiro no âmbito da Operação Lava Jato, Collor foi o primeiro a chegar à CCJ ontem pela manhã e se sentou em frente ao lugar reservado para o procurador.

Durante a sabatina, Collor disse que Janot é “catedrático em vazar informações” e o acusou de ter contratado uma empresa de comunicação sem licitação, além de ter advogado enquanto atuou como sub-procurador. Os dois tiveram um rápido bate-boca.

Janot rebateu todas as acusações de Collor, disse ser “discreto”, negou ser um “vazador contumaz” e repetiu em resposta a Collor frase que havia dito no início da sua explanação. “Todos são iguais perante a lei. Pau que dá em Chico dá em Francisco.”

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