Por bferreira

Brasília - A presidenta Dilma Rousseff conseguiu brecar, no Congresso, a aprovação da pauta-bomba, com a manutenção de 26 vetos a propostas que aumentavam gastos do governo, depois de dar mais espaço ao PMDB na nova configuração da Esplanada dos Ministérios. A costura para manter o partido na base aliada do Palácio do Planalto teve a participação decisiva do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Antes de ir para reunião da ONU, Dilma quer anunciar a reforma administrativa com a redução de ministériosFrancisco Stuckert / Agência O Dia

Além de cortes nos gastos do governo e o impedimento do aumento das despesas da União, a reforma administrativa de Dilma é essencial para conquistar os votos necessários à aprovação pelo Congresso de medidas para superar a crise econômica. É o caso, por exemplo, da aprovação da nova CPMF, crucial para o sucesso do ajuste fiscal, que requer no mínimo os votos favoráveis de 308 dos 513 deputados federais e de 49 dos 81 senadores.

A volta do PMDB para os braços do governo também é vital para impedir o avanço dos 13 pedidos de impeachment contra a presidenta em tramitação na Câmara. Sem o apoio dos 67 deputados peemedebistas, a oposição não consegue dar andamento aos processos de afastamento.

Na reforma administrativa, que reduzirá o número de pastas na Esplanada, o PMDB deverá ficar com seis ministérios. Ontem à noite, Dilma decidiu não fazer mais a a fusão das pastas da Aviação Civil e dos Portos para criar o Ministério da Infraestrutura.

No novo desenho da Esplanada, o PMDB deve ganhar o Ministério da Saúde e manterá Minas e Energia, Agricultura (que passa a incorporar a Pesca), Turismo, Portos e Aviação Civil. Já estão assegurados os ministros Eduardo Braga, das Minas e Energia, e Kátia Abreu, da Agricultura. A presidenta quer manter o ministro Eliseu Padilha, da Aviação Civil, e Henrique Eduardo Alves, do Turismo.

O Ministério da Saúde ficará com a bancada da Câmara. Os peemedebistas ofereceram dois nomes para Saúde: Manuel Júnior (PB), aliado do presidente da Câmara dos Deputados, e Marcelo Castro (PI), próximo ao vice-presidente Michel Temer.

Com a montagem da nova equipe, a presidenta espera não desagradar nenhuma das três principais alas do PMDB: do vice Temer e das bancadas da Câmara e do Senado, lideradas por Eduardo Cunha (RJ) e Renan Calheiros (AL).

Além do PMDB, a presidenta também negocia com o PDT, seu antigo partido. Ontem, ela ofereceu o Ministério das Comunicações aos pedetistas. Eles ocupam hoje o Ministério do Trabalho, com Manoel Dias. O indicado foi o deputado André Figueiredo (CE), que é líder da bancada na Câmara e, recentemente, negociou as filiações de Cid e Ciro Gomes ao partido.

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