Por gabriela.mattos

Brasília - O Ministério Público na Suíça encontrou e congelou cerca de US$ 5 milhões em contas controladas pelo presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), e seus parentes. No registro das contas, os nomes de Cunha, da mulher Cláudia Cruz e de uma de suas filhas aparecem como reais responsáveis pela movimentação financeira. Ao todo, os procuradores suíços descobriram quatro contas secretas, cujo controle é atribuído ao presidente da Câmara.

Os valores depositados nas quatro contas foram bloqueados pelas autoridades suíças por causa da suspeita de que receberam recursos de suborno. As informações sobre as contas foram repassadas às autoridades brasileiras, que agora vão investigar crime de lavagem de dinheiro.

Eduardo Cunha tem US$ 5 milhões em contas na Suíça, afirma MPMarcelo Camargo / ABR

O presidente da Câmara é suspeito de receber propina por vazamento de informação privilegiada na venda, para a Petrobras, de um campo de petróleo no Benin, na África.

Nesta quinta, Cunha desistiu da viagem que faria à Itália. Enfraquecido pela denúncia de contas no exterior, o parlamentar reagiu com ironia ao ser perguntado se estaria perdendo apoio à sua permanência na presidência da Casa. “Eu não estou atrás de apoio, por que é que eu vou perder?”, disse. Ele não respondeu às perguntas sobre as contas. “Não vou responder nada que não seja pelo meu advogado.”

Esta não é a primeira vez que o nome de Cunha é associado ao valor de US$ 5 milhões. Em delação premiada feita ao juiz Sérgio Moro, responsável pela Operação Lava Jato, o consultor Júlio Camargo afirmou à Justiça Federal que Cunha pediu US$ 5 milhões pessoalmente a ele em propinas referentes a dois contratos de navios-sonda, assinados pela Petrobras entre 2006 e 2007. O depoimento ocorreu em julho. Na época, Cunha chamou o delator de mentiroso.

REQUERIMENTO

Um grupo de 15 parlamentares de cinco partidos protocolou requerimento de informação para que Cunha responda, no prazo de 30 dias, sobre a existência de contas bancárias suas e de familiares que foram bloqueadas na Suíça. A medida foi tomada após o líder do Psol, deputado Chico Alencar (RJ), fazer a pergunta na tribuna da Câmara e não obter a resposta de Cunha, que se manteve impassível na mesa diretora da Casa.

Mentira põe cabeça de peemedebista a prêmio

Suspeito de envolvimento no esquema de corrupção da Petrobras, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), corre o risco de ficar com a cabeça a prêmio por ter mentido durante depoimento à CPI da Petrobras, em março. Na época, ele negou que tivesse recursos depositados na Suíça ou em algum paraíso fiscal. Se ficar comprovado que o presidente da Câmara mentiu na CPI, ele poderá responder por quebra de decoro parlamentar e ser cassado.

Em 2000, Luiz Estevão (PMDB-DF) foi o primeiro senador cassado por mentir a seus colegas sobre envolvimento no escândalo do superfaturamento do Tribunal Regional do Trabalho de São Paulo. Em 2012, foi a vez do ex-senador Demóstenes Torres (DEM-GO), que também mentiu a seus pares sobre suas relações com o bicheiro Carlinhos Cachoeira .

No dia 12 de março, Cunha foi de livre e espontânea vontade à CPI da Petrobras. Durante o depoimento, o deputado tucano Waldir (GO) perguntou a Cunha se ele tinha contas na Suíça ou em outro paraíso fiscal. “Não tenho qualquer tipo de conta em qualquer lugar que não seja a conta que está declarada no meu Imposto de Renda”, garantiu. Ele também disse que tudo que constava em seu IR estava reproduzido na declaração de bens que todo candidato tem que apresentar à Justiça Eleitoral para homologar sua candidatura.

Mas conforme revelou o ‘Informe do Dia’ on line, Cunha não relacionou qualquer conta bancária no exterior em sua declaração de bens entregue à Justiça Eleitoral, em 2014.

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