Em um dos vídeos divulgados na web, um homem questiona: "Como os pescadores profissionais vão sobreviver agora?". Em seguida, ele mostra um peixe de 10 kg morto, cercado por dezenas de outros.
O pedido de ajuda foi divulgado no Facebook e WhatsApp. Os pescadores estão mobilizando um mutirão para tentar salvar os animais. Segundo biólogos, o rio precisará de 10 anos para se recuperar totalmente dos dejetos da mineradora Samarco.
Segundo o fotógrafo e ambientalista Leonardo Merçon, após a chegada da lama, a água do Rio Doce “parece um achocolatado com cheiro de ferrugem”. Ele coordena a organização não governamental Últimos Refúgios, que trabalha com preservação do meio ambiente, e foi a Governador Valares ver e fotografar a situação.
“É possível ver peixes morrendo asfixiados, camarões indo para as pedras quentes para fugir da lama”, disse. “Todos os seres vivos do Rio Doce que precisam da água para respirar morreram”, acrescentou.
Na última semana, o Projeto Tamar, que cuida de tartarugas, retirou ninhos dos animais depositados próximos à foz do rio Doce. Uma das fotos divulgadas pelos pescadores mostra uma tartaruga de água doce soterrada pela lama.
Em Governador Valadares, cidade mais afetada pela interrupção no abastecimento de água depois que a lama proveniente do rompimento das barragens em Mariana chegou ao Rio Doce, a população faz filas para comprar água mineral e reclama da falta de uma solução para o problema.
A presidenta Dilma Rousseff anunciou que a mineradora Samarco vai ser multada em R$ 250 milhões pelos danos ambientais causados, há uma semana, pelo rompimento das barragens de rejeitos de Fundão e Santarém, em Mariana. Controlada pela brasileira Vale e pela anglo-australiana BHP Billiton, a empresa descumpriu várias legislações federais, segundo a presidenta. O governo ainda pode cobrar indenizações e ressarcimento por gastos com a reconstrução. O Ibama informou nesta quinta-feira que vai aplicar multas de R$ 100 milhões à mineradora Samarco.