Seja o governo dela bom ou ruim, ninguém pode deixar de reconhecer que Dilma Rousseff é uma democrata
Por bferreira
Rio - O engarrafamento no Centro era daqueles em que o carro cria raízes no asfalto. O táxi já estava parado há alguns minutos no túnel, com o rádio sussurrando as informações mais quentes. A certa altura, um repórter entrou no ar para contar que a presidenta Dilma Rousseff iria inaugurar mais um conjunto habitacional do programa ‘Minha Casa, Minha Vida’. Nesse momento, o taxista demonstrou muita irritação: “Essa mulher só sabe fazer isso! Inaugurar conjuntos do ‘Minha Casa, Minha Vida’! O Brasil cheio de problema, e ela inaugurando prédio?” E em seguida olhou para trás, buscando minha concordância. Eu não disse uma palavra. Desviei o olhar para fora do carro, pensando na situação louca em que Dilma se meteu. Mesmo as coisas boas que faz são criticadas, até quando está certa está errada.
A menos que seja um marciano, o motorista de táxi deve saber que um dos tais problemas do país ao qual ele se refere é a falta de moradia. E o programa habitacional do governo federal ataca justamente essa questão. Ainda assim, xinga a presidenta como se ela estivesse jogando dinheiro fora. Ele não é único. A rejeição de Dilma chegou a tal ponto que a simples menção de seu nome provoca em alguns reação parecida com a do taxista. Depois da avalanche de notícias ruins, resultantes da Operação Lava Jato, e com a crise econômica, a presidenta bate recordes de impopularidade.
Além dos eleitores que se manifestam nas pesquisas, também a esquerda não apoia Dilma. O figurino econômico que vestiu em seu segundo mandato foi feito sob medida para um tucano (a não ser pela manutenção dos gastos sociais). Até mesmo Lula, o guia-maior dos petistas, tira casquinha da fragilidade da presidenta, dá pitacos e critica, como se sua gestão não tivesse colaborado para os atuais problemas da correligionária.Os oposicionistas consequentes fazem reparos, sugerem mudanças. A oposição inconsequente repete há meses o samba de uma palavra só: impeachment.
Apesar de tamanho isolamento, Dilma resiste. Como? Enquanto os loucos que pedem intervenção militar acampam no Planalto, ela se preocupa em trabalhar. Continua acertando e errando, mas não levanta o tom, não xinga ninguém. É atacada, mas não ataca. Volta e meia, apenas repete, firme, que vivemos numa democracia e que o Brasil não aceita mais golpismo. É daí que vem sua força para resistir. Seja o governo dela bom ou ruim, ninguém pode deixar de reconhecer que Dilma é uma democrata. Ao contrário de muitos que se opõem a ela.
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POR TRÁS DA TRIBUNA
Nessa temporada em que alguns se mostram fascinados pela ideia de ter militares de volta à política, é bom lembrar o embate que o deputado Silvio Costa (PSC-PE) teve há poucos meses com o deputado Capitão Augusto (PR-SP) na tribuna da Câmara.
Em várias sessões, Capitão Augusto apareceu no plenário de farda. Ao que Silvio Costa protestou, reclamando que o regimento interno não permite tal indumentária. Pegou pesado: “Imagine se Tiririca entrasse aqui vestido de Tiririca”, questionou. “Se o militar tem direito de estar fardado aqui, apesar de o regimento não permitir, Tiririca também tem o direito de vir vestido de palhaço.”
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Até hoje, o deputado Tiririca não fez essa experiência.