Por marlos.mendes
Rio - Condenado do Mensalão e investigado na Lava Jato, José Dirceu, todo-poderoso do governo Lula, afirmou ao juiz Sergio Moro estar passando por dificuldades financeiras. Detalhes do depoimento prestado sexta-feira ao magistrado foram divulgados nesta segunda-feira. Um deles versa sobre os valores cobrados pelas consultorias para empresas investigadas na Lava Jato. “ Sem falsa modesta, R$ 120 mil (por mês) é irrisório”, depôs Dirceu. Ele é suspeito de ter recebido mais de R$ 11 milhões de propina através de falsos contratos de consultoria.

O nome de Dirceu surgiu nas delações premiadas de lobistas Milton Pascowitch e Júlio Camargo. O ex-ministro explicou a Moro que seu nome foi usado na Petrobras e negou ter recebido propinas de contratos da estatal. “Não recebi comissionamento nem autorizei ninguém a falar em meu nome na Petrobras. Usaram meu nome lá, o que é estranho.”

“Não recebi comissionamento nem autorizei ninguém a falar em meu nome na Petrobras", disse ex-ministroEstadão Conteúdo

Dirceu explicou seu trabalho. “Dei consultoria a 60 empresas. Os meus clientes me ouviam para saber de economia, política, mercado”, detalhou a Moro. O ex-ministro admitiu ter recebido R$ 40 milhões, mas que tinha “muitas despesas”. “Ganho o que ganha um advogado, uns R$ 60 mil.”

Dirceu também negou ter indicado o ex-diretor de Serviços da Petrobras Renato Duque, como ordem do PT, para o cargo. Segundo ele, todas as indicações feitas pelo primeiro escalão do governo passavam pela Casa Civil, que analisava critérios como antecedentes, competência e história política. Dirceu cita o PSDB como parte da indicação, mas não citou nomes nem detalhou o caso. Os tucanos negam.

A defesa do ex-ministro pediu ao STF perdão da pena do Mensalão com base no indulto natalino. Seus advogados alegam que Dirceu tem direito ao benefício, conforme decreto anual da Presidência da República. O pedido será julgado pelo ministro Luís Barroso.
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Moro critica advogados

O juiz federal Sergio Moro afirmou que advogados que atuam na Lava Jato abusam do direito de defesa. A crítica está na sentença na qual condenou Jorge Zelada (leia abaixo). De acordo com o juiz, os advogados apresentam inúmeros pedidos de produção de prova para atrasar o fim da ação penal.
“No processo ou fora dele, em manifestos ou entrevistas a jornais, reclamam da condução do processo, imaginando uma fantasiosa perseguição aos seus clientes, sem, porém, refutar as provas apresentadas pela acusação, e não só as declarações dos colaboradores, mas a prova documental que, em geral, as acompanha, como no caso a prova documental da fortuna mantida em segredo por Zelada no exterior”, argumentou Moro.
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Doze anos de cadeia para Zelada

O juiz Sergio Moro condenou o ex-diretor da Área Internacional da Petrobras Jorge Zelada a 12 anos e dois meses de prisão pelos crimes de corrução passiva e lavagem de dinheiro, além de multa. Zelada foi condenado por corrupção passiva “pelo recebimento de vantagem indevida no contrato entre a Petrobras e a empresa Vantage Drilling para fornecimento do navio-sonda Titanium Explorer” e por lavagem de dinheiro “pela ocultação e dissimulação do produto do crime de corrupção em contas secretas no exterior”.
Com Estadão Conteúdo
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