Por bianca.lobianco

Rio - A meta da operação Lava Jato é recuperar para os cofres públicos R$14,5 bilhões desviados principalmente de contratos da Petrobras com empreiteiras. Em dois anos de investigação, foram feitas 37 denúncias à Justiça contra 179 pessoas envolvidas em pagamentos de propina de R$ 6,4 bilhões. Pelo menos R$ 2,9 bilhões foram recuperados. Dividida em 24 fases, até hoje foram instaurados 1.114 procedimentos contra políticos, donos de grandes empreiteiras, doleiros, empresários e ex-diretores da Petrobras envolvidos em negociações escusas com o dinheiro público.

Ao todo, 84 acusados foram condenados pela Justiça por crimes como corrupção, lavagem de ativos e formação de organização criminosa. Somadas, as penas totalizam 825 anos e 10 meses de prisão. Entre aplausos e críticas, o juiz Sérgio Moro, da 13ª Vara Federal de Curitiba, comanda a maior operação de combate à corrupção que abala a República.

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Sexta-feira, o ex-presidente Lula — suspeito de ser beneficiado pelo esquema — foi conduzido coercitivamente à Polícia Federal para prestar depoimento.
Balanço divulgado pelo Ministério Público Federal aponta a decretação de 133 mandados de prisão, das quais 64 preventivas e 69 temporárias. Políticos foram para cadeia, como o senador Delcídio do Amaral (PT-MS). Ele saiu da prisão devido a acordo de delação premiada que colocaria a presidente Dilma também no centro das investigações.

Ao longo de dois anos de apuração foram expedidos 117 mandados de condução coercitiva, quando a pessoa é obrigada a prestar depoimento na Polícia Federal. Os agentes cumpriram ainda 482 mandados de buscas e apreensões. Foram feitos 49 acordos de delação premiada e cinco de leniência (quando a colaboração é firmada por uma empresa).

Investigado pelo Supremo Tribunal Federal (STF), o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, do PMDB, virou réu. O parlamentar é acusado de corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Os dez ministros que participaram do julgamento aceitaram a denúncia contra Cunha. Na mesma ação, a ex-deputada Solange Almeida, do PMDB, prefeita de Rio Bonito, no Estado do Rio, também virou ré. Segundo a Procuradoria Geral da República, ela assinou requerimentos na Câmara dos Deputados para ajudar Cunha a pressionar empresas envolvidas com a Petrobras a pagar propina.

Só nos últimos três meses foram deflagradas três operações ligadas à Lava Jato. No mês passado, o publicitário baiano João Santana, marqueteiro das campanhas da presidente Dilma e da reeleição do ex-presidente Lula, em 2006, foi acusado de ter recebido US$ 7,5 milhões (R$ 28,1 milhões) em conta secreta no exterior. Investigadores suspeitam que ele foi pago com propina de contratos da Petrobras. Santana e a mulher dele, a publicitária Monica Moura, estão presos.

Um dos campeões em condenações é o doleiro Alberto Youssef. Condenado em seis processos, que somam 71 anos de prisão, ele teve parte das penas suspensas e até reduzidas por ter colaborado de forma decisiva com a Justiça. Ele está na cadeia em Curitiba e deve ficar ainda três anos preso em regime fechado.

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