Rio - O carioca vai pagar mais caro pelo litro do leite até outubro. Porém, com expectativa da chegada de chuvas nos próximos meses, a tendência é que o preço do alimento diminua. No comparativo dos últimos 12 meses, o valor subiu entre 20% e 25%, e mesmo que o produto fique mais barato, não chegará aos patamares do ano passado.

Entre os fatores que influenciaram a alta estão o clima, o aumento do dólar, o alto custo de produção e a diminuição do número de produtores no estado. Secretário estadual de Agricultura e Pecuária, Christino Áureo explica que produzir leite é uma atividade cara.
“Nos últimos anos, o preço estava defasado, abaixo do custo de produção. Este ano, o que aconteceu foi um ajuste”, afirma.
Nesta época do ano a alta do produto é normal, provocada pelo clima frio e falta de chuvas, que prejudicam o pasto. Comendo menos, as vacas produzem menos leite, encarecendo a matéria-prima.
Presidente do Sindicato das Indústrias de Laticínios do Estado do Rio, Nilton Lanna diz que a expectativa é que no fim de outubro o preço do leite já tenha caído, em função da maior frequência de chuvas.
No entanto, o custo da produção depende também do dólar, usado na cotação de soja e milho, que compõem a ração animal. “É preciso comprar ainda produtos importados, como medicamentos”, explica Christino Áureo.
Para ele, a única forma de fazer o preço baixar é aumentando a produção, e isso não vai acontecer enquanto o preço dos insumos estiver alto.
Famílias com crianças sofrem mais com o aumento no preço do produto
A dona de casa Cristiane Roberta dos Santos, 29 anos, tem quatro filhos e costuma comprar leite em quantidade para economizar. “Se a caixa com 24 unidades estiver a R$ 27 eu compro logo duas. Com quatro crianças em casa, o leite é um dos alimentos que a gente mais compra. Uso bastante, em mingau, bolo, vitamina”, conta.
A comerciante Maria Irani da Silva Bezerra, 58, tem dois netos, um de dois e outro de quatro anos. Ela e explica que gasta muito com leite. “Vivo pesquisando os preços mais em conta”, diz.
Já o aposentado Antônio Xavier de Souza, 74, afirma que opta pelas marcas mais em baratas para não gastar tanto. “O preço aumentou muito. Para fechar as contas, a gente tem que optar pelas marcas mais em conta. Escolho pelo preço mesmo”, diz.
Aumento da produção local vai ajudar a baixar valor
À medida que o Estado do Rio depender menos de outras regiões, a tendência é que o alimento fique mais barato, explica o secretário Christino Áureo. Segundo ele, a produção interna já cresceu. Em 2006, o Rio produziu 460 milhões de litros no ano. Em 2012, esse número subiu para 610 milhões de litros no ano.
“Como o mercado do Rio consome mais de 3 bilhões de litros/ano, ainda não é abastecido só com produção interna”, conta.
Em 2010, o governo do estado aprovou uma série de incentivos para os produtores, como o financiamento de compra de animais a uma taxa de 2% ao ano. Além disso, retirou impostos estaduais, como ICMS.
“O leite do estado é mais barato, pois não tem tantos gastos com transporte. Se a produção local aumentar, o preço final é reduzido”, diz Áureo.