Por thiago.antunes
Rio - Pouco mais de um mês após o último reajuste de 4% nas refinarias em dezembro, os combustíveis ficarão mais caros neste começo de ano. Devido à entressafra da cana-de-açúcar, período em que a produção diminui encarecendo o produto, os preços do álcool e da gasolina vão subir até 2% nos postos do Rio. O litro do álcool custa R$2,39, em média, e a gasolina, R$2,99. Com o aumento de 2%, os valores serão reajustados para R$ 2,43 e R$3,04, respectivamente.
“A gasolina tem um quarto de álcool em sua composição e a previsão é de que o derivado de cana seja reajustado em até 5% nas refinarias, mas na bomba a elevação não vai passar de 2% ”, explicou Manuel Fonseca da Costa, presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Combustíveis do Município do Rio (Sindcomb).
O mototaxista Marcelo Medeiros acredita que a política de preços do governo não beneficia de verdade a população%2C embora haja inúmeros subsídios para diversos segmentosPaulo Araújo / Agência O Dia

Fonseca enfatizou que o aumento depende das distribuidoras, e que boa parte dos postos está com o estoque alto. Para a engenheira Danielle Barbosa, um novo reajuste é incoerente porque ocorreu um há pouco tempo. Além disso, reclama, o salário não acompanha a inflação dos produtos e serviços. Ela usa o carro para trabalhar e gasta R$ 500 por mês para abastecer.

Publicidade
Consumidor protesta
A queixa do motorista Jorge Harrison é ainda mais contundente: “Somos produtores de petróleo, temos refinaria, mas ainda compramos derivados do exterior”, disse.Ele trabalha na Vigilância Sanitária, dirige de 100 a 200 quilômetros por dia e desembolsa R$ 980 por mês. 
Publicidade
O mototaxista Marcelo Medeiros também reclama. Para ele, o aumento favorece a iniciativa privada e prejudica a população. Ele gasta R$600 para encher o tanque da moto todo mês e percorre 150 quilômetros por dia na Região Metropolitana.
O motorista Jorge Harrison ressalta que o país é refém das distribuidoras e que o Brasil já deveria ser autossuficiente em combustíveisPaulo Araújo / Agência O Dia

Conforme a União da Indústria de Cana-de-açúcar (Unica), a moagem do centro-sul do país em 2013 atingiu recorde de 594,1 milhões de toneladas no acumulado até 1º de janeiro, superando estimativas para a temporada. Com a safra praticamente encerrada, o volume produzido representa crescimento de 11,82% em relação ao ano anterior. Agora começa a entressafra.

O Centro-Sul — que abrange os estados do Sul e Sudeste, com exceção do Norte Mineiro — responde por 90% da produção brasileira. O volume produzido de álcool foi de 25,37 bilhões de litros no acumulado do início da safra até o fim de dezembro, um aumento de 19,20% sobre igual período de 2012. No estado,Campos dos Goytacazes, no Norte Fluminense, é o principal polo produtor da região.
Publicidade
Diferença de até R$ 0,43 por região
O carioca pode pagar até R$ 0,43 de diferença entre um posto e outro. Levantamento do DIA feito em dezembro, após a gasolina ser reajustada em 4% e o diesel em 5%, com 15 postos pesquisados, mostrou o preço praticado por região. 
Publicidade
Os estabelecimentos comerciais no entorno da Lagoa Rodrigo de Freitas apresentaram o custo mais elevado, cobrando R$ 3,29 pelo litro da gasolina. A mais barata foi encontrada a R$ 2,86 em um posto no Largo da Cancela, em São Cristóvão. Porém, o estabelecimento se diz independente, sem nenhuma bandeira das grandes distribuidoras.
Já os bairros da Zona Norte apresentaram o menor reajuste. Em dois postos da Tijuca, o litro custava R$ 2,99. Nenhum estabelecimento aumentou em 4%, mas a maioria atualizou acima de 3%. Campo Grande e Pechincha, na Zona Oeste, apresentaram os reajustes mais elevados para aquela região, sendo R$ 3,06 e R$3,09, respectivamente. Dois postos no Centro da cidade — Lobinho e Esplanada — aumentaram em R$3,04 e R$ 3,09. Até ontem os preços continuavam nos mesmos patamares.
Publicidade
Área do pré-sal não será negociada
Publicidade
A terça-feira foi de desmentidos na sede da Petrobras. A estatal negou “enfaticamente” que esteja negociando uma fatia na reserva de Libra com a indiana ONGC Videsh. Nesta terça pela manhã um executivo da estrangeira afirmou, em conferência com investidores, que a empresa estaria tratando com a petroleira brasileira a compra de uma participação no prospecto de Libra, no pré-sal. Em comunicado à imprensa , a Petrobras frisou que a informação não procedia. “A declaração não tem fundamento”, destacou.
Também ontem analistas financeiros colocaram em xeque as perspectivas de lucro da estatal este ano. O preço das ações da companhia baixaram mais de 5%. Já a Transpetro, braço logístico da Petrobras, anunciou nesta terça-feira que encomendou mais oito navios ao Estaleiro Mauá, em Niterói. A produção terá investimentos de R$ 1,4 bilhão e vai garantir a manutenção dos atuais 3.400 empregos diretos existentes.
Publicidade
A encomenda faz parte de um total de 49 navios, que, pelo cronograma original, serão entregues à Petrobras até 2020. A previsão para este ano é a conclusão de mais cinco navios da empresa.
Ontem, a Transpetro colocou em operação uma nova embarcação, batizada de José Alencar, finalizando o primeiro lote de encomendas. Sete outros navios devem começar a operar este ano.
Publicidade