Por bferreira

Rio - A jovem Letícia Serafim, de 16 anos, passou a infância sendo educada financeiramente pelos pais, com limites rígidos em relação aos gastos em casa. Essa atitude fez a adolescente se tornar controlada no orçamento familiar. “Meus pais sempre me orientaram pelo exemplo, quando minha mãe não podia comprar, ela não se endividava”, disse a estudante. 

Casos como o de Letícia estão sendo cada vez mais praticados, tanto por parte dos consumidores quanto das empresas. E, com o objetivo de reunir esses movimentos, o primeiro mapeamento de todas as ações de educação financeira do país será lançado pela Anbima, BM&FBovespa, CNseg e Febraban na próxima semana.

Letícia Serafim%2C de 16 anos%2C recebeu educação financeira na infância Paulo Araújo / Agência O Dia

O estudo faz parte dos esforços de diversas instituições para a diminuição da inadimplência. Uma das empresas que contribuiu para o mapeamento é a Serasa Experian. O gerente corporativo de sustentabilidade da companhia, Tomas Carmona, explica que, mesmo com muitas ações ligadas ao tema, ainda falta orientação para os consumidores. “O brasileiro se preocupa apenas em não ser negativado, mas o correto é ter um pensamento a longo prazo, se organizar para cumprir os projetos que deseja”.

É essa lição que o engenheiro Fábio Schwartz, de 46 anos, tenta passar para as duas filhas, Priscilla, 9, e Marcella, 16. O pai controla os gastos das pequenas oferecendo dinheiro apenas quando necessário. “Mostro para as meninas que é preciso ter controle, não se pode ter tudo”, afirma.

Além de ser prejudicial para o planejamento familiar, a falta de educação financeira também é um fator de desaceleração da economia. O professor da Fundação Getulio Vargas (FGV-Rio), Luis Carlos Ewald, explica que as instituições financeiras têm grande interesse em ensinar às pessoas como saírem do endividamento. “A economia do país fica fragilizada quando há um alto nível de inadimplência, já que reflete diretamente na alta das taxas de juros”.

Mas o educador financeiro da escola Dsop, Adenias Gonçalves Filho, garante que a melhor forma de educação é o exemplo familiar. “Consciência financeira precisa envolver toda a família para pensar a longo prazo e começar desde cedo. Os filhos são espelhos dos pais”, conclui.

“A infância é a melhor fase para introduzir este tipo de ensino”

A psicóloga e consultora do curso Intellectus, Rafaella Silveira, explica que a infância é a melhor fase para a assimilação de valores, inclusive monetários. A especialista ensina, ainda, como introduzir esses ensinamentos nas vidas dos pequenos:

“Os pais devem introduzir a criança aos poucos no entendimento financeiro, manuseio e bom uso do dinheiro. Ou seja, à medida que a criança vai ganhando uma certa idade, os responsáveis devem ir ensinando o quanto o dinheiro vale, o que ele pode comprar e como se ganha. Sempre mostrando que existem formas certas e formas erradas de usar, de ganhar, de poupar.”

“A lição mais importante sobre o assunto é mostrar que ‘dinheiro não nasce em árvore’. Os pais devem passar a diferença entre ter e usar, para que as crianças não cresçam achando que se têm dinheiro precisam gastá-lo, pois muitas vezes é melhor poupar e pensar no futuro, ou investir em algo realmente importante. Sem, é claro, criar filhos que poupam tão absurdamente que não gastam com nada. O equilíbrio é a melhor saída.Uma das formas de passar ao filho o limite entre ter, gastar e poupar é ensinando-o que nem sempre o dinheiro vem fácil, e que é necessário um esforço para consegui-lo. Com isso acaba-se ensinando sobre o valor do trabalho.”

“A mesada é uma forma prática de passar essas informações para as crianças. É interessante que o valor comece pequeno e vá crescendo à medida que a criança vá também amadurecendo e aumentando a sua gama de interesses, principalmente quando se torna adolescente. Os pais podem condicionar o aumento não só à idade do filho, mas também ao nível de merecimento do mesmo, em todos os sentidos: comportamento, educação e estudos. Assim o filho se sentirá orgulhoso de si.”

Dívida paga pela internet

Após o país ter registrado aumento de 4,2% na inadimplência do consumidor em março, segundo dados da Serasa Experian, cerca de 250 mil consumidores se cadastraram na segunda edição do Feirão Limpa Nome Online, da instituição financeira.

Até o dia 17 de abril, qualquer consumidor de todo país poderá negociar, pela internet, suas dívidas diretamente com os credores, aproveitando condições especiais de pagamento. O serviço pode ser feito pelo endereço eletrônico www.serasaconsumidor.com.br/limpa-nome-online. O acesso é permitido durante toda a semana, 24 horas por dia.

Para participar, o consumidor deve entrar no site e preencher um cadastro. Depois, será levado a uma página onde estarão relacionadas todas as empresas do Limpa Nome Online.

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