Por tabata.uchoa

Rio - Com o início das operações da Nissan, nesta terça-feira no município de Resende, no Sul Fluminense, o governo federal espera incrementar ainda mais o Inovar-Auto — programa de incentivo à inovação e à produção —, garantindo mais competitividade, tecnologia e segurança para os carros fabricados no país. A montadora japonesa investiu R$ 2,6 bilhões na nova planta industrial, introduzindo a plataforma V, para a produção dos novos modelos do March e Versa, até então importados do México.

O regime automotivo oferece incentivos fiscais às montadoras que se comprometem, principalmente, a buscar a eficiência energética, já que os carros deverão ser mais econômicos quanto ao consumo específico de combustível. O Inovar-Auto prevê uma redução, até 2017, de 18% na emissão dos gases poluentes, resultando em carros mais econômicos.

O consumidor brasileiro pode aguardar o novo March%2C que será produzido na fábrica de ResendeDivulgação

PESQUISA E INOVAÇÃO

“O programa prevê diferentes incentivos à indústria automotiva, mas também há contrapartidas como investimentos mínimos em pesquisa e desenvolvimento, engenharia, tecnologia industrial básica e capacitação de fornecedores”, explica Margarete Gandini, coordenadora geral da Indústria Automotiva do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC). “Isso resultará em veículos mais econômicos e mais seguros”, complementa.

De acordo com Margarete, todas as montadoras instaladas no país aderiram ao programa, assim como importadoras independentes, que se comprometeram investir em engenharia e importar veículos energeticamente mais eficientes. “Observamos uma movimentação muito grande em inovação. Esses veículos apresentam muita tecnologia embarcada e devem se constituir em drivers para a disseminação de novas tecnologias no país. O nosso objetivo é ter cada mais tecnologia, ganhando escala na produção de eletrônicos a partir da ampliação dos centros de pesquisas”, destaca a coordenadora.

Hoje, o consumo médio de gasolina de um carro é 14 quilômetros por litro. Com o programa, deve-se chegar a 15,93 quilômetros/litro em 2015 e 17,26 quilômetros/litros em 2017. A montadora que atingir a marca terá uma redução de dois pontos percentuais no Imposto de Produtos Industrializado (IPI), barateando o preço do veículo. O cálculo vale para o etanol: 9,71 km/l (atual); 11,04 km/l em 2015; e 11,96 km/l, em 2017.

Convite para abrir restaurante japonês em Resende

De olho no novo público consumidor com a chegada da Nissan, há um ano foi inaugurado em Resende o restaurante Shigueru, especializado em comida japonesa. A proprietária Joyce Maria Vila Real conta que o convite surgiu por parte dos próprios funcionários da montadora, ainda no Paraná, onde fica a unidade fabril dividida com a Renault.

“Tínhamos um restaurante em Curitiba, que atendia aos diretores da Nissan de lá. Um dia, o responsável de RH da fábrica de Resende conheceu o nosso estabelecimento e sugeriu que abríssemos aqui para atender à clientela, que chegaria com a construção da fábrica. Eu e meu marido gostamos da ideia e viemos. Hoje temos como clientes os coreanos da Hyundai”, diz Joyce, confirmando que o investimento inicial já foi todo quitado. Segundo ela, por dia, atendem em torno de 70 pessoas, que gastam, em média, R$ 50 cada uma.

Antes importado do México, agora o novo Versa, da Nissan, sairá diretamente da planta fabril fluminense para todo o BrasilDivulgação

Sul Fluminense concentra polo automotivo

A inauguração da fábrica da Nissan com dois mil trabalhadores em ação dá novo alento aos municípios da região, que concentra o segundo polo automotivo do país com cinco grandes montadoras de veículos, ônibus e máquinas pesadas. É que nuvens cinzentas pairam no Sul Fluminense após o anúncio, há dois meses, da suspensão dos contratos de 650 funcionários da PSA Peugeot Citroën, em Porto Real, e de 200 trabalhadores da MAN e do Consórcio Modular, em Resende, a partir de quinta-feira.

“O Rio de Janeiro não é uma ilha. Também sofre os reflexos do que ocorre no país. O setor automotivo enfrenta problemas, estoques elevados, falta de financiamento para compra de caminhões”, lista o secretário estadual de Desenvolvimento Econômico, Julio Bueno.

A fabricação de veículos no Rio responde hoje por 10% da produção industrial do estado. O setor está concentrado no Sul Fluminense, mexendo muito com a economia local, em especial nos municípios de Resende, Porto Real e Itatiaia.

Saiba mais sobre o polo automotivoAgência O Dia

Entre 2007 e 2012, a receita total da região aumentou 53,2%. No estado o crescimento foi de 45%. Em Porto Real, sede da Peugeot, a receita total atingiu R$ 187 milhões, o dobro do que era em 2007. Já Resende, onde está a MAN e agora a Nissan, teve um salto de 60%, atingindo R$ 354 milhões de receita total de 2012. Assim, qualquer descontinuidade na produção altera os ânimos da população local.

Presidente da representação regional da Federação das Indústrias do Rio (Firjan, Edvaldo de Carvalho lembra que o documento Decisão Rio 2014-2016 prevê investimentos de R$ 14 bilhões na região. Para atender à demanda do setor, houve recentemente uma ampliação do Senai Resende com equipamentos de alta tecnologia para aprimorar a qualificação de mão de obra local.

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