Por bferreira

Rio - A montadora japonesa Nissan será responsável por 40% do Produto Interno Bruto (conjunto de riquezas produzidas) da cidade de Resende, no Sul Fluminense, conforme estudos da Secretaria Municipal de Fazenda. A fábrica abre hoje com cerca de 2.500 trabalhadores. Porém, o prefeito José Rechuan (PP) estima que o número de vagas vai quadruplicar em seis anos.

“A Nissan deve empregar 10 mil pessoas até 2020 no município. Afirmo isso com base no projeto de ampliação da empresa e comparando o tamanho da fábrica de Resende ao de outras montadoras”, avalia com otimismo.

Mesmo antes do começo das atividades, os impactos na região já foram notados. A expectativa do empreendimento fez com que, em apenas três anos, a arrecadação do município mais que dobrasse, chegando a R$ 440 milhões em 2013. A previsão é que o orçamento feche em R$ 480 milhões neste ano.

Os setores de comércio e serviço deram um salto: desde janeiro, a prefeitura concedeu 160 alvarás por semana para criação de micro e pequenos negócios. Os segmentos de logística, alimentação e vestuário foram os mais procurados.

O fortalecimento do polo industrial na cidade também chamou a atenção da rede hoteleira: atualmente são quatro companhias interessadas em oferecer seus serviços em Resende. A rede Ibis já comprou um terreno, e outras três providenciaram estudos de mercado.

Para José Rechuan, a Nissan beneficiará, além de Resende, mais oito cidades na região. “A movimentação econômica provocada pela montadora é uma vitória de todo o Sul Fluminense”, diz.

Cidade vai enfrentar desafios de uma cidade grande

Junto com o desenvolvimento econômico surgem os desafios que Resende e cidades vizinhas começam a enfrentar. No município que recebe a montadora japonesa, transtornos no trânsito já são perceptíveis.

A prefeitura aguarda a liberação de R$ 125 milhões em recursos federais para obras de mobilidade urbana, como a construção da Ponte de São Caetano (que ligará o centro de Resende à Rodovia Dutra) e a Estrada do Contorno (unindo o município ao distrito industrial sem a necessidade de passar pela Dutra). A verba faz parte do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC 2) voltado à mobilidade urbana.

A segurança pública é outra questão que chama a atenção dos moradores da cidade. A prefeitura instalou um Posto de Polícia Técnica e integra o consórcio sobre o tema entre os municípios do Sul Fluminense.

Na vizinha Porto Real, sede da Citroën Peugeot, a prefeita Cida (PDT) teme um possível déficit na Educação. Ela diz que aproveitará o evento de inauguração da fábrica da Nissan para pedir à presidenta Dilma Rousseff investimentos do governo.

“Precisamos de ao menos quatro escolas e quatro creches no município, senão teremos crianças fora das salas de aula em breve”, pontua. “Os investimentos da prefeitura e do governo do estado não estão dando conta das necessidades. Estamos recebendo muitos estudantes cujas famílias são atraídas pelas oportunidades de emprego”, destaca.

Reportagem de Paulo Capelli

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