Rio - A escalada da violência de grupos insurgentes no Iraque teve reflexos nas ações da Petrobras, que fecharam em forte queda no pregão de ontem da Bovespa. Na sessão, que foi mais curta em função do jogo que terminou em empate entre Brasil e México, o Ibovespa fechou em queda de 0,6%, chegando a 54.299 pontos. O giro financeiro foi de R$3,328 bilhões.
Ontem, a principal refinaria de petróleo do Iraque, na cidade de Baiji, no norte do país, foi fechada. Diante do conflito, as ações preferenciais da Petrobras caíram 2,24% durante o pregão, chegando a R$18,32. Foi a segunda maior queda, atrás apenas dos títulos da BBSeguridade (-2,54%). As ações ordinárias tiveram queda de 1,93%, cotadas a R$ 17,29. O preço do barril de petróleo tipo Brent, com entrega para o mês de agosto, subiu 0,45% na bolsa de Londres, sendo vendido a U$S 113,45.
O Iraque é palco de uma onda de violência no último mês, com o avanço do grupo sunita Estado Islâmico do Iraque e do Levante (Isis, na sigla em inglês) pelo norte do país. Os insugentes são ligados a Al-Qaeda e querem a formação de um estado islâmico entre o Iraque e a Síria. Nas últimas semanas, eles tomaram áreas do nordeste da Síria e cidades do norte do Iraque, como Mosul e Tikrit.
De acordo com a Reuters, a refinaria de Baiji suspendeu as atividades devido a ameaça de ataque dos insurgentes. Os trabalhadores estrangeiros foram evacuados e as forças armadas assumiram o controle do local. A agência informa que a unidade tem estoque para abastecer um mês da demanda doméstica do país.
A Petrobras não informou quais são os negócios que possui com a refinaria iraquiana, mas o nome da estatal consta no site do Ministério de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Mdic) como a maior importadora brasileira do Iraque. Ainda segundo o Ministério, em 2013 o petróleo e combustíveis derivados representaram 17% das importações do país.
De acordo com o último anuário da Agência Nacional do Petróleo, em 2012 o Brasil importou 9,162 milhões de barris do Iraque. O país é o terceiro maior exportador para o Brasil, atrás da Nigéria ( 62,334 milhões de barris) e Arábia Saudita (26 milhões). No acumulado do ano, o país importou 114 milhões de barris de petróleo.
Crescimento em risco
A crise no Iraque pode frear a capacidade de ampliação da produção de petróleo no país. O alerta foi feito ontem pela Agência Internacional de Energia.
Segundo a entidade, o país do Oriente Médio produz 3,4 milhões de barris por dia, mas tem capacidade para aumentar a produção em 1,28 milhões de barris/dia até 2019.
O Iraque é responsável por 4% da produção mundial de petróleo, e o segundo maior produtor da Organização de Países Exportadores de Petróleo (Opep).
Outra preocupação é com os preços. Segundo analistas de Wall Street, a crise pode impulsionar o valor do barril de petróleo para US$ 116 até o fim do ano, caso a produção e as exportações forem interrompidas no Iraque.