Por adriano.araujo

Rio - Os professores da Prefeitura do Rio que aderiram à greve encerrada no último dia 27 vão receber, na próxima quarta-feira, os salários com descontos dos dias parados. Há casos em que os docentes vão ter apenas R$ 22,17 de remuneração líquida. “Não sei como vou pagar o meu aluguel este mês”, relatou um professor à coluna.

A greve da categoria foi considerada ilegal pelo Supremo Tribunal Federal (STF) e, a partir da decisão, o município comunicou que iria efetuar o corte de ponto. Contudo, professores que procuraram a coluna disseram estar surpreendidos com a decisão.

O Sindicato Estadual dos Profissionais de Educação (Sepe) informou que vai pedir a intervenção da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj) para reverter o desconto nos salários.

O sindicato também explicou que vai pedir à Secretaria Municipal de Educação (SME) antecipação da audiência com integrantes da pasta, que está marcada para 7 de julho.

“Precisamos urgentemente conversar com o prefeito Eduardo Paes e pedir que ele reveja a decisão de cortar os salários dos professores. Estávamos em greve, não faltamos ao trabalho. A paralisação é um direito do trabalhador”, argumentou Marta Moraes, integrante da coordenação do Sepe.

Entre os diversos contracheques enviados pelos professores à coluna, há casos em que os docentes que vão receber R$22,17 na conta, sendo o salário integral de R$1.995,60. Outro exemplo é de um professor com remuneração total de R$1.923,20 e valor líquido de R$ 35,98. E, também, de um profissional que terá R$ 357,60, com salário bruto de R$ 1.989,78. Todos os descontos têm rubrica “pontos perdidos” na folha de pagamento.

A Secretaria Municipal de Educação informou que só vai se pronunciar sobre o caso após a reunião prevista para acontecer no próximo dia 7. Até lá, não há previsão de revisar o corte dos salários.

SUSTENTO FAMILIAR

Marta Moraes contou ainda que a principal preocupação do Sepe neste momento é que os professores não tenham como honrar os compromissos financeiros: “Nossa classe é representada principalmente por mulheres. São pessoas que sustentam a família, que têm maridos desempregados. Além das que são mães solteiras. É por isso que precisamos antecipar a reunião para resolver o impasse. Esperávamos uma postura mais justa da prefeitura”.

SEM ACESSO

Outro problema identificado pelos professores que participaram da greve foi a dificuldade de acesso à folha de pagamento na internet. “Não existe contracheque para a matrícula informada”, era a mensagem que aparecia para alguns docentes. “Isso é no mínimo um tipo de terrorismo psicológico. Se vão cortar nossos salários, pelo menos poderiam nos informar o que devemos esperar no dia do pagamento”, revelou um professor.

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