Por felipe.martins

Rio - O drama das famílias dos três mil trabalhadores do Estaleiro Ilha S.A (Eisa), com salários atrasados há dois meses, deve terminar na próxima quinta-feira. É quando encerra o prazo estipulado pela empresa para saldar a dívida com os funcionários. O pagamento estava prometido para quinta-feira, porém, os diretores da companhia pediram o adiamento em reunião com representantes do Sindicato dos Metalúrgicos do Rio (Sindimetal-Rio), na sede do estaleiro na Ilha do Governador.

No pátio do sindicato%2C um grupo de funcionários do Estaleiro Eisa reclama do atraso no pagamento dos salários e dos benefícios sociaisEstefan Radovicz / Agência O Dia

Para amenizar a situação, R$ 560 referentes a dois dos três meses de vale-alimentação em atraso foram depositados ontem a cada um dos funcionários, segundo o presidente do Sindimetal-Rio, Alex Santos. “A direção do Eisa se comprometeu a fazer o pagamento dos salários atrasados, a regularização do plano de saúde e de um terço de férias até o quinto dia útil de agosto (dia 7). Nessa data também está marcado o retorno dos funcionários ao trabalho”, afirmou.

Santos acrescenta, porém, que os trabalhadores só retornam a ativa, se o salário estiver depositado. “O pagamento do vale não resolve plenamente o problema dos trabalhadores, mas dá um fôlego. Porém, nossa luta é para quitar todas as questões inerentes aos trabalhadores, até pagarem tudo que nos devem”, diz o sindicalista.

Conforme o presidente do Sindimetal-Rio, cerca de 600 trabalhadores que estão com os cartões de alimentação bloqueados terão que esperar até quarta-feira para receber o benefício, quando a empresa entregará novos cartões.

Na sede do sindicato, para obter novas informações da situação, trabalhadores relataram o momento difícil que vivem. O pintor Anderson Lima, 29 anos, disse que toda a sua família está sofrendo. “Não sei o que fazer. Já pedi dinheiro emprestado para todo mundo. Tenho uma filha de quatro meses e preciso comprar fraudas”, relatou.

O encanador Edson Costa, 51, estava de licença médica e foi pego de surpresa ao ver o estaleiro fechado e a falta de pagamento do salário. “Sofri um acidente e ainda não recebi o dinheiro do seguro. Volto ao trabalho e encontro uma situação dessas. A gente tem que esperar o pagamento sair, mas as contas não esperam”, reclamou o profissional.

Thiago Figueira, 42, montador de estrutura pesada, está com o aluguel vencido. “ A minha sorte é que posso contar com a minha filha, que ajuda a pagar algumas contas”, contou Figueira.


Outro lado: Dificuldade de fluxo de caixa

Nenhum representante do Estaleiro Eisa foi encontrado para comentar a situação. No entanto, a empresa divulgou nota no site do Sindicato Nacional da Indústria da Construção e Reparação Naval e Offshore (Sinaval), no dia 16 do mês passado, informando que a dívida com os trabalhadores seria paga até o fim de julho (ontem). Um documento também explicava os motivos no atraso dos salários.

“O atraso no pagamento da folha deve-se à dificuldade momentânea de fluxo de caixa do estaleiro, por conta principalmente da inadimplência de alguns armadores responsáveis por parte das encomendas ao Eisa. Embora esteja com suas operações paralisadas, o estaleiro garante que não é sua intenção encerrar as atividades, pois tem uma carteira de encomendas robusta com bons clientes”, informava parte da nota do Estaleiro Ilha S.A. (Eisa).

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