Por karilayn.areias

Rio - O ministro da Fazenda, Guido Mantega, anunciou hoje (29) que a previsão de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) em 1,8% deverá ser revista após o fraco desempenho apresentado no segundo trimestre, com recuo de 0,6% sobre o primeiro e taxa positiva de 1,4%, em 12 meses. ”Com esse resultado, não será possível alcançar crescimento de 1,8%”, disse.

Mantega ressaltou, porém, que ainda faltam dados para definir as novas metas. A expectativa dele é de melhora nas atividades no segundo semestre porque alguns entraves registrados no primeiro semestre “não vão se repetir“, como os efeitos da seca sobre o custo da energia e a demanda reprimida no consumo interno. “Nunca tivemos um crédito tão escasso para o consumo como no primeiro semestre. O crédito estava muito apertado, porque havia uma luta para reduzir a inflação. Como a inflação foi reduzida, haverá mais crédito na economia”, afirmou.

Segundo o ministro, a política monetária estava rígida e, com a flexibilização do Banco Central, a liberação do depósito compulsório e mais a entrada de mais recursos em circulação, haverá uma oferta moderada para retomada das compras de bens duráveis, como eletroeletrônicos e automóveis. Além disso, acrescentou Mantega, os brasileiros estão conseguindo ganhos reais de salário e, com a manutenção do emprego e da massa salarial, o mercado interno poderá fazer a economia deslanchar. Outros sinais são a melhoria das atividades, em julho último, em setores como o de papel e papelão ondulado, indústria automobilística e transporte de cargas.

Mantega refutou a tese de que o País tenha entrado em recessão técnica por ter registrado dois trimestres seguidos com taxas negativas de crescimento. É meramente efeito estatístico”, afirmou o ministro. Se for confirmado um resultado positivo no terceiro trimestre, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), afirmou o ministro, poderá chegar à conclusão de que apenas um, ou talvez nenhum dos trimestres tenha apresentado queda porque os dados posteriores podem influenciar os anteriores.

“Não se deve falar em recessão porque recessão é uma parada prolongada, como ocorreu nos países europeus com vários meses conseguidos de PIB negativo. Aqui estamos falando de um trimestre, no máximo dois, e a economia está em movimento. Recessão é quando você tem desemprego aumentando, a renda da população caindo. Aqui temos o contrário”, enfatizou o ministro.

Para Mantega, a principal causa do fraco desempenho da economia no segundo trimestre foi o baixo consumo do mercado internacional. “O cenário internacional não está ajudando a maioria dos países. Falta mercado consumidor.” De acordo com Mantega, esse quadro fez caírem os preços das commodidites, prejudicando as economias na América Latina.

O ministro também apontou cálculos de impacto sobre o resultado do PIB como, por exemplo, o provocado pela política cambial do Federal Reserve (Fed), o banco central norte-americano, entre o final do ano passado e o começo deste, levando o dólar a valer US$ 2,45. Segundo ele, isso impediu que o crescimento anualizado do PIB de 0,6% a 0,7% maior. A falta de dinamismo nas exportações teria corroído mais 0,6% e a restrição ao crédito, algo entre 0,7% e 1%, acrescentou.

Quanto ao anúncio feito pela montadora General Motors (GM) de layoff na unidade de São José dos Campos, no Vale do Paraíba, em São Paulo, o ministro disse que é uma situação “passageira”, por se tratar de uma estratégia que não significa, necessariamente, que a empresa vá demitir empregados.

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