Rio - Independente de quem vencer a eleição presidencial este ano, a única certeza que o eleitor já tem para 2015 é que o país terá um novo comando à frente da economia brasileira. Caso vença o processo eleitoral, a presidenta Dilma Rousseff (PT) já confirmou a saída de Guido Mantega, o mais longevo ministro da Fazenda do país. Quando chegar em 31 de dezembro, ele terá ficado à frente da pasta por oito anos e nove meses ininterruptos, após substituir Antonio Palocci, ainda no governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
A saída de Mantega representa o fim de uma era nos rumos da economia do país. De formação keynesiana (fundamentada na afirmação do Estado como agente indispensável na indução e controle da economia), o ministro sempre foi apontado como um técnico leal e dedicado aos interesses do governo. Sua postura, ao longo dos anos, foi a de justificar os resultados como positivos, mesmo quando os números não eram tão favoráveis assim.
“Ele nunca conseguiu se afirmar como efetivo comandante da economia, porque a presidenta e economistas do governo davam palpites e ordens. Sabe-se que Mantega perdeu algumas batalhas internas para o restante da cúpula econômica, mas sempre vestiu a camisa do governo”, aponta Gilberto Braga, economista e professor do Ibmec Rio e da Fundação Dom Cabral.
Em entrevistas na última semana, o ministro voltou a defender que o baixo crescimento da economia este ano decorre da crise internacional. Segundo ele, “praticamente todas as economias do mundo tiveram uma desaceleração do crescimento, quando não crescimento negativo”. O ministro disse ainda que já a partir de 2015, o país estará em melhores condições e poderá voltar a crescer entre 2% e 3% ao ano.
Mais de 10 anos no governo petista
Mesmo não estando à frente do futuro ministério em caso de reeleição da presidenta Dilma, Mantega assegurou que a mudança na cúpula da pasta não significará alterações na política econômica. “As diretrizes serão mantidas em 2015”, garantiu.
“Creio que faltou a ele uma maior capacidade de liderança. Ele tinha que assumir esse papel de interlocução junto ao empresariado, já que a própria presidenta não gosta muito de conversar, de negociar”, acrescenta Mauro Osório, economista e professor da Faculdade de Direito da UFRJ.
Mantega superou Pedro Malan, do governo FH, em permanência no posto após a ditadura militar. Antes, na era Vargas, o gaúcho Arthur de Souza Costa é considerado o ministro com mais tempo no cargo, entre 24 de julho de 1934 e 19 de outubro de 1945 (11 anos). Além de assessor econômico de Lula e um dos coordenadores do programa econômico do PT na campanha de 2002, ele foi ministro do Planejamento, Orçamento e Gestão, entre janeiro de 2003 e novembro de 2004, e presidiu o BNDES até março de 2006, quando assumiu a Fazenda.
Nomes já despontam na bolsa de apostas para o cargo
A bolsa de aposta do sucessor de Guido Mantega, num eventual segundo governo de Dilma Rousseff, já é grande. O nome de Luciano Coutinho, atual presidente do BNDES, se destaca. É apontado como de prestígio junto ao mercado e com credibilidade perante os empresários. O ex-secretário-executivo do ministério da Fazenda, Nelson Rocha, também é citado. Ele deixou o governo em 2012, após embates com Mantega.
Caso Aécio Neves chegue à presidência, os nomes de Armínio Fraga e Gustavo Franco, que trabalharam com FH, estão cotados. Se Marina Silva vencer, os economistas Alexandre Rands e Eduardo Gianetti da Fonseca despontam.