Rio - Representantes do setor têxtil e de moda já começaram a se movimentar para cobrar da presidenta Dilma Rousseff medidas de incentivos à produção nacional. Entre elas, a redução da carga tributária e a continuidade de programas de capacitação. O assunto foi discutido ontem durante o encontro do Bureau de Estilo Renata Abranchs, em Botafogo, quando foi lançada também a logomarca oficial do movimento “Feito no Brasil”.
Um dos participantes do evento, o diretor-superintendente da Associação Brasileira da Indústria Têxtil (Abit), Fernando Pimentel, afirmou que já foi encaminhada à presidenta uma pauta com as demandas do setor.
“O mais relevante é a implementação do regime tributário competitivo para a produção. O segundo ponto é a capacitação. Nós estamos inseridos até a alma nessa questão do Pronatec e outros ensinos de ofício”, disse, referindo-se ao programa de qualificação do governo.
Segundo ele, os últimos quatro anos não foram bons para a produção, apenas para o varejo. “Mas houve redução do ritmo de crescimento”, destacou ele.
Renata Joca, gerente de estilo da Maria Filó, concordou. Na última coleção, 97% da produção foi feita no Brasil. “A gente percebe que não houve crescimento na indústria quando precisamos de novos fornecedores e não encontramos. Para o segmento crescer, é necessário ter benefícios e incentivos fiscais, além de profissionais qualificados”, avaliou.
Em evento de apresentação da nova coleção da Soulier, com 100% de produção no Brasil, a sócia Mariana Birchall explicou que o maior desafio hoje é produzir peças de qualidade a preços acessíveis. “Os encargos são altíssimos e é difícil encontrar bons fornecedores”, disse.
O movimento “Feito no Brasil” surgiu para estimular o debate sobre a produção nacional, além de estimular o consumo de peças feitas por aqui. Isso vale tanto para a matéria-prima, quanto confecção e criação.
Apesar da concorrência com sites orientais e lojas estrangeiras — caracterizada como “desleal” pelo setor — a categoria defende a originalidade e a qualidade das roupas nacionais. Também participaram do debate François Morillion, criador da Vert, e Liliane Taira, diretora da Mocha.