Por bferreira

Rio - Apesar de ter derrapado em 2014, o Brasil conseguiu preservar sua posição como sétima economia do mundo. De acordo com ranking elaborado pela classificadora de risco Austin Rating.

A agênica projeta que o país não vai conseguir manter sua posição no ano que vem, com a perspectiva de retração do PIB. A agência prevê que o Brasil irá descer uma posição no ranking, perdendo o posto atual para a Índia.

Já no ranking de crescimento elaborado com o PIB de 49 países, o Brasil ficou na 45ª posição, na frente apenas da Rússia, Itália, Japão e Ucrânia.

Os resultados do ano passado foram calculados de acordo com a nova metodologia adotada pelo IBGE. O instituto também revisou a série histórica, desde 1995.

O novo modelo de cálculo “ajudou” a presidenta Dilma, pois todos os indicadores de seu governo aumentaram. O crescimento de 2011 passou de 2,7% para 3,9%. Em 2012, a variação passou de 1% para 1,8%. Em 2013, o indicador mudou de 2,5% para 2,7%.

O novo cálculo segue padrões recomendados pela Organização das Nações Unidas (ONU) e pelo Banco Mundial. Com a mudança, a comparação entre a economia de um país e outro fica mais precisa.

Uma das alterações mais significativas das regras foi o deslocamento dos gastos com pesquisa e desenvolvimento. Antes, eles eram registrados como despesas. Agora, eles passaram a ser considerados investimentos no cálculo da riqueza produzida pelo país.

Levy: “Fase de transição”

Ao comentar os resultados do PIB, o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, afirmou que o país passa por uma fase de transição. Ele disse que acredita na recuperação de alguns indicadores ainda em 2015, mas admitiu que os próximos dados vão mostrar um baque no início do ano. “Vamos descobrir que a economia deu uma desacelerada forte neste começo de ano”, disse Levy, após a divulgação do IBGE. Nesta semana, o Banco Central fez uma previsão de retração de 0,5% no PIB em 2015.

Para Joaquim Levy, exportações vão ajudar na recuperação do paísWilson Dias / Parceiro / Agência Brasil

Segundo o ministro, o aumento nas exportações, influenciado pela desvalorização do real frente ao dólar, pode ajudar na recuperação do país. “Este ano, esperamos uma recuperação das exportações e que, portanto, o setor externo possa ajudar o crescimento da economia”, afirmou.

Levy aproveitou para ressaltar a necessidade de aprovação das medidas de austeridade enviadas pelo Executivo ao Congresso.

Ao comentar os resultados, o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, afirmou que os dados confirmam “uma pausa no crescimento econômico”. O chefe da autoridade monetária considerou, entretanto, que os ajustes em curso “tendem a construir bases mais sólidas para a retomada da confiança e do crescimento econômico”.

Em 2014, houve queda tanto nas exportações quanto as importações de bens e serviços. As exportações caíram 1,1% ante 2013, enquanto as importações recuaram 1%. O resultado foi influenciado principalmente pelo enfraquecimento da indústria automotiva, que reduziu suas exportações no período, assim como a importação de peças e acessórios.

Pibinho cresceu 0,1% em 2014

O Produto Interno Bruto (PIB) — conjunto de riquezas produzidas pelo país — do Brasil cresceu só 0,1% em 2014, totalizando R$ 5,521 trilhões. O resultado foi o pior desde 2009, quando o país estava sob efeito da crise internacional e houve recuo de 0,2% na economia.

Os dados foram divulgados ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. No quarto trimestre,houve crescimento de 0,3% , em comparação ao terceiro. Os resultados confirmaram a percepção de que a economia ficou estagnada em 2014, mas foram melhores do que as projeções de alguns analistas de mercado que apostavam em recessão. Após a divulgação, o dólar fechou em alta (1,55%) frente ao real ontem, cotado a R$3,24.

O PIB per capita recuou 0,7% em relação a 2013, fechando o ano em R$ 27.229. O indicador mede a qualidade de vida de um país pela relação entre sua economia e sua população.

Pela ótica da demanda, houve queda em todos os indicadores, mas o destaque foi nos investimentos. A formação bruta de capital fixo, indicador do volume de investimentos no setor produtivo, teve queda de 4,4%.

“Foi uma queda grande, mas o lado positivo é que as projeções estavam piores”, afirma Marcel Palaciano, da Fundação Getúlio Vargas. Ele diz que o país ainda terá dificuldades para voltar a alavancar investimentos.

“Não é só a questão econômica. Temos uma crise política, da relação da Dilma com o Congresso, a questão energética e a questão da Petrobras. Ainda não sabemos onde isso vai parar, mas provoca impactos na confiança dos investidores”, avalia.

Também houve desaceleração no consumo das famílias, força motriz que puxou a economia em anos anteriores, com a política de incentivo ao consumo. O crescimento foi de 0,9% em 2014, ante a 2,9% em 2013. A retração do crédito foi apontada como um dos motivos do fenômeno. “O crédito vinha crescendo bastante, focado nas pessoas físicas, e ano passado passou por uma estagnação em termos reais”, disse Rebeca Palis, coordenadora de contas nacionais do IBGE. O Banco Central vem aumentando os juros para combater a inflação.

Pelo lado da oferta, a indústria teve queda de 1,2%. Desagregando este dado, a indústria de transformação teve o pior resultado, com queda de 3,8%. O setor de construção civil recuou 2,6% na comparação com 2013, mesmo percentual do segmento de energia, gás, água e esgoto. O tombo só não foi maior por causa da indústria extrativa mineral, cujos produtos principais são petróleo minério de ferro, com variação de 8,7%. A agropecuária teve crescimento de 0,4%. Apesar da expansão , o desempenho foi fraco em relação a 2013, quando o setor cresceu 7,9%.

Você pode gostar