Por bferreira

Pará e São Paulo - A presidenta Dilma Rousseff defendeu ontem Joaquim Levy, e disse que as declarações do ministro da Fazenda sobre a sua gestão foram mal interpretadas. Em palestra a membros do setor financeiro na semana passada, Levy disse que Dilma tem “um desejo genuíno de acertar as coisas, não da maneira mais efetiva, mas há um desejo genuíno”, conforme uma gravação obtida pelo jornal Folha de S.Paulo.

Em almoço com 600 empresários, Joaquim Levy defendeu a necessidade de o Congresso aprovar o ajusteWilson Dias / Parceiro / Agência Brasil

“Não tem por que criar maiores complicações por isso, ele já explicou isso exaustivamente. Ele ficou bastante triste com isso e me explicou. Tenho clareza de que ele foi mal interpretado”, disse a presidenta após evento do Programa Minha Casa, Minha Vida, em Capanema, no Pará.

A presidenta afirmou que Levy tem trabalhado na negociação das medidas do ajuste fiscal que dependem de aprovação do Congresso Nacional e reforçou os argumentos do governo em defesa dos cortes de gastos.

Segundo ela, o país depende do ajuste para voltar a crescer. “Você tem que adequar a política econômica e toda a sua ação às mudanças da realidade, estamos fazendo isso. Tenho certeza que o Brasil volta a crescer se a gente fizer essa movimentação”, avaliou.

Já o ministro disse que tem uma “enorme afinidade” com a presidenta na visão de longo prazo da economia. “Não há nenhuma desafinação”, enfatizou. Durante almoço em São Paulo promovido pelo Grupo de Líderes Empresariais (Lide) para 600 empresários, ele voltou a negar que tenha criticado Dilma. “A presidenta tem sido absolutamente explícita e genuína sobre seus objetivos”, ressaltou.

Levy explicou que, na palestra em Chicago, quis dizer que, mesmo com a vontade da presidenta, às vezes, é difícil colocar em prática algumas medidas. “A gente nem sempre consegue tudo o que deseja em um processo democrático, e isso é bom.”

Ministro defende hoje no Senado as medidas de ajuste econômico

Hoje, a partir das 10h, Joaquim Levy será sabatinado pela Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado. Ele vai apresentar as perspectivas de ajuste proposto pelo governo nas contas públicas. O ministro da Fazenda também tentará convencer os senadores a não votar neste momento o projeto de lei, aprovado na semana passada na Câmara dos Deputados, que impõe ao Executivo a renegociação das dívidas regionais.

As novas regras reduzem os juros que estados e municípios têm de pagar à União por conta de contratos de refinanciamento assinados na décadas de 1990. Segundo a presidenta Dilma Rousseff, não há “espaço fiscal” para fazer a renegociação neste momento de ajuste das contas públicas.

Levy disse acreditar na aprovação das medidas de ajuste fiscal pelo Congresso. “Temos tido sucesso em conversas que, em um primeiro momento, não pareciam estar encaminhadas”, afirmou, ao citar as negociações entre o governo e os parlamentares para aprovação das propostas.

O objetivo do governo é reduzir os próprios gastos ao patamar de 2013. “Não temos discutido quantidade, quantos bilhões vamos cortar. Mas que fique claro que, com relação à programação financeira, aquele gasto que pode ser controlado, o objetivo é trazer para o nível de 2013. Isso exigirá grande disciplina”, afirmou.

Para o ministro, esse controle pode representar uma redução de aproximadamente 30% dos empenhos feitos pelo Executivo. Apesar de defender a redução de gastos, Levy admitiu que o processo não será simples. “Cortar na carne é importante, mas não é fácil, porque não tem muita carne.” Ele ressaltou a importância do planejamento dos gastos.

Você pode gostar