Por bferreira

Rio - As principais obras do Rio vão parar a partir de segunda-feira. Após meses de negociação salarial, os trabalhadores do setor de Construção Pesada decidiram entrar em greve por tempo indeterminado até que se chegue a um acordo que atenda às reivindicações da categoria. Hoje será votado em assembleia como será a mobilização nos canteiros, mas o plano é interromper obras de grande porte, como a da Linha 4 do metrô, Engenhão, Parque Olímpico de Deodoro, Porto, Transolímpica entre outras.

Diretor do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção Pesada (SitraICP), Paulo César Mônico conta que a categoria reivindica aumento de 15%, mais cesta de R$ 450. “Fizemos algumas reuniões, mas as empresas só querem dar 7,13%, mais cesta de R$ 330 (atualmente é R$ 310). Os trabalhadores rejeitaram. Fizemos uma última proposta de aumento entre 8,5% e 9%, além de cesta de R$ 350, mas os representantes patronais não aceitaram”, explica.

EFEITOS DA LAVA JATO

Segundo o sindicalista, os efeitos no mercado da Operação Lava Jato, que investiga os casos de corrupção na Petrobras, foram justificativas das companhias para não subir o reajuste. “As empresas têm que entender que o trabalhador não tem culpa”, diz Paulo César.

Atualmente, de acordo com o sindicato, os salários nesse setor variam de R$1.150,60 para servente, até R$ 2.085,60 para soldador. No caso de mestre de obras, os valores são negociados diretamente com as empresas e construtoras.

Procurado, o Sindicato Nacional da Indústria de Construção Pesada (Sinicon) informou que está ciente da greve, mas tentará manter as negociações para chegar a acordo sem que haja necessidade de paralisação.

“Fomos notificados com antecedência pelos trabalhadores de que haveria greve de segunda a quinta-feira. Mas o processo de negociação continua. Ainda temos hoje, sábado e domingo para tentar resolver essa situação. Estamos negociando há três meses e o ideal é evitar a greve, que não é boa para os dois lados”, disse Renilda Cavalcanti, diretora de Relações Sindicais do Sinicon.

No entanto, para o diretor do SitraICP, que representa os trabalhadores, as tentativas de negociação já foram esgotadas e as conversas acontecerão em estado de greve. “Vamos começar do zero, propondo novamente o aumento de 15%. Estamos abertos a conversar, mas não aceitaremos menos de 8,5%”, avisa.

Contra os descontos

Uma fila deu a volta no quarteirão do Sindicato dos Trabalhadores da Construção Civil do Rio (Sintraconst-Rio) ontem, indo da Rua Haddock Lobo, entrando na Rua João Paulo I, chegando até a Avenida Paulo de Frontin, no Rio Comprido. Os profissionais foram pedir o cancelamento da contribuição sindical, para não serem descontados no valor de 2,7% do salário.

Procurado, o sindicato informou que só terá na próxima semana os dados com o número de trabalhadores que pediram o fim do pagamento. Atualmente, são 200 mil sindicalizados. “Todo ano, menos de 5% vêm pedir o fim da contribuição. Acreditamos que este ano não será diferente”, afirmou a assessoria de imprensa da entidade.

Recentemente, a categoria conseguiu reajuste entre entre 8% e 13,75% nos pisos. Os profissionais que recebem salários acima do piso até R$ 5 mil tiveram aumento de 7%. E quem recebe acima de R$ 5 mil teve o valor de R$ 350 acrescentado ao salário.

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