Rio - Em tempos bicudos como o do período atual, uma modalidade que cresce e aparece como opção para quem está com as finanças apertadas é o penhor da Caixa. Trata-se de uma operação de financiamento muito prática, barata e por isso, fácil e perigosa. A pessoa pega uma joia original que possui (brinco, colar, anel, relógio de marca, broche etc.), leva ao banco de penhor e a coloca no “prego” (como os mais velhos se referiam a ela) recebendo em troca um empréstimo que é garantido pela própria peça. A taxa de juros é bem mais baixa do que as demais operações de crédito da economia porque, se o devedor não quitar a operação, a joia será leiloada para saldar a dívida em aberto.
A pessoa deve se organizar para liquidar a operação no vencimento, sob pena de perder a joia, o que é o grande risco dessa operação. Na avaliação da joia pela Caixa somente é considerado o valor do metal. Isto é, o quanto pesam o ouro, a prata, pedras preciosas etc.
Não é atribuído um valor ao feitio ou ao trabalho do ourives ou do artesão, o que, em alguns casos, pode ser uma verdadeira obra de arte. Logo, o valor da avaliação no penhor sempre é muito menor, por exemplo, do que o preço pelo qual a mesma joia é oferecida para a venda numa joalheria.
Quando se perde a joia por falta de quitação do empréstimo no penhor perde-se patrimônio, porque equivale a uma venda de um bem por um valor inferior ao de mercado. E há outra perda bem relevante, a qual é difícil atribuir valor. Trata-se do valor sentimental da joia, posto que toda peça costuma estar associada a uma história marcante da vida da pessoa. Por estas e outras o penhor é uma operação interessante, mas pode-se estar arriscando perder dinheiro e parte das suas melhores lembranças.
Gilberto Braga é professor de Finanças do Ibmec e da Fundação Dom Cabral