Por bferreira

Rio - Os juros do cartão de crédito no rotativo — que financia o saldo no pagamento mínimo de uma fatura — bateram recorde em agosto, atingindo a marca de 403,5% ao ano. A taxa média, divulgada ontem pelo Banco Central, é a maior registrada pela instituição desde o início da série histórica em março de 2011. Mas o valor pode ser muito maior do que a taxa média divulgada pelo BC.

'Costumo parcelar produtos caros. Agora%2C vou comprar só o necessário e à vista. Com a crise%2C temos que evitar dívidas'%2C Diego Tunala%2C 30 anos%2C advogadoBruno de Lima / Agência O Dia

Levantamento feito pela Proteste neste mês mostrou que o cartão Hipercard, do Itaú Unibanco, por exemplo, tem um Custo Efetivo Total (CET) de 748,67% ao ano no rotativo. Segundo a Proteste, o cliente com fatura de R$ 1 mil que pagar o mínimo (20% da fatura), e deixar essa dívida rolar, vai acumular uma dívida de quase R$ 7 mil em um ano. “Isso prova que o uso do crédito rotativo do cartão pode arruinar a vida do consumidor, ao não pagar o total da fatura no vencimento”, alerta a Proteste.

A alta dos juros preocupa consumidores acostumados a usar cartão de crédito. Alguns já pensam em adotar medidas para economizar. “Costumo parcelar produtos de alto valor. Mas agora vou tentar comprar o necessário e à vista”, disse o advogado Diego Tunala, 30 anos.

A inadimplência média do mercado foi de 3,1% no mês passado mas no crédito rotativo do cartão, a taxa em agosto ficou em de 37,6%.

O cheque especial é outra modalidade que ‘penaliza’ o consumidor. Dados do BC mostram aumento nos juros no mês passado, atingindo 253,2% ao ano. Em julho, a taxa era de 246,9%.

Com o crédito mais caro, também houve aumento da renegociação de empréstimos nos bancos em agosto. O saldo chegou a R$ 24,435 bilhões, com crescimento de 1,6% no mês e 10,9%, em 12 meses. (Com agências)

COMO FUGIR DAS DÍVIDAS NO CARTÃO

Pesquisadora e técnica da Proteste, Renata Paulo recomenda algumas medidas para que os consumidores evitem cair em armadilhas com o cartão de crédito.

A primeira dica é fazer o pagamento total da fatura na data de vencimento. Pagar apenas o limite do cartão é pior. “Se passar um dia, o consumidor já paga juros. As pessoas se endividam mais”, ensina Renata.

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Pedir a isenção da anuidade do cartão é uma saída para economizar. O cliente deve procurar a sua agência e tentar a medida. Segundo a técnica, a prática é comum.

O cliente não deve escolher o cartão apenas por ter o menor juro, pois isso pode estimular o consumidor a utilizar o crédito. Ele deve contratar um cartão sem anuidade.

Juros do cartão de crédito rotativoArte O Dia

Nunca utilize o cartão de crédito como extensão de renda. Leve apenas um às compras “Se a pessoa ganha R$ 2 mil e o limite do cartão é de R$ 3 mil, ela está juntando o salário com o limite acima da própria remuneração”, explica Renata.

Atenção com grandes ofertas: não se deixe levar pelos parcelamentos em 10X sem juros. A dívida só será quitada após 10 meses. E se adquirir nos meses seguintes outras parcelas, poderá se endividar mais.

O ideal é que limite do cartão seja equivalente a 30% do salário do titular. “Esses 30% englobam gastos do cartão e outras coisas, como financiamentos e contas parceladas”.

Em caso de endividamento, o cliente deve procurar sua agência, negociar o débito assim que puder e e cancelar o cartão.

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