Rio - O líder do governo na Câmara Municipal, Luis Antonio Guaraná (PMDB) se comprometeu a retirar o cordão de isolamento dos policiais militares da Casa conforme os vereadores deixem o local nesta segunda-feira. Guaraná estava em reunião, até às 16h40, com uma comissão do Sindicato Estadual dos Profissionais de Educação (Sepe). O parlamentar apresentou 27 emendas ao Projeto de Lei que cria um novo Plano de Cargos, Carreiras e Salários para os docentes.
No entanto, os representantes do Sepe não leram o texto e negociaram a retirada do cerco policial no local. Cerca de 20 professores estão acampados em frente à Camara, entre dois cordões de isolamento dos policiais. Mais cedo, uma confusão se formou quando um grupo de PMs tentou passar pelo local onde estão os manifestantes. As pessoas gritaram palavras de ordem contra o cerco policial, impedindo a passagem, e os PMs fizeram uso do spray de pimenta para dispersar os grevistas.
Após a reunião, 21 parlamentares, entre deputados estaduais, federais e vereadores de oposição se reuniram e escreveram uma carta para o prefeito Eduardo Paes, solicitando uma reunião com membros do Sepe. O documento também é assinado pelo Representante da OAB Nacional, Wadih Damous e da OAB-RJ Marcelo Charléo.
Paes e a secretária municipal de Educação, Claudia Costin, informaram que vão responder online a perguntas dos professores e servidores da Educação sobre o Plano de Cargos, Carreiras e Salários enviado à Câmara. A conversa será transmitida às 20h em www.riosemprepresente.com.br/aovivo.
Deputados foram intervir em cerco
Para desfazer o cerco policial formado na Câmara dos vereadores na manhã desta segunda-feira, o vereador Eliomar Coelho (PSOL) convocou deputados estaduais e federais para intervir e dialogar com os PMs. O deputado federal Chico Alencar (PSOL) foram ao local. Mais tarde, os deputados Molon (PT), Robson Leite (PT), Luiz Paulo (PSB) Comte Bittencourt (PPS) e Marcelo Freixo (PSOL) também estiveram na Casa.
O clima ficou tenso no entorno e, segundo membros do Sindicado Estadual dos Profissionais da Educação (Sepe), cerca de 500 docentes saíram da frente da Prefeitura do Rio, na Cidade Nova, e seguiram em direção ao Palácio Pedro Ernesto para se juntar aos outros grevistas.
Os professores protestaram contra a retirada dos PMs no entorno da Casa, além da votação do plano de cargos e salários e questionando a entrada de um funcionário do legislativo. Eles alegaram que se uma pessoa pode entrar no local, os professores também podem.
Os grevistas querem impedir a votação do plano de cargos e salários da categoria, que segundo o Sepe, não atende a 93% da classe e foi elaborado sem a participação de membros do sindicato - o que foi prometido em negociação com a prefeitura para o fim da primeira greve. O plano com as emendas será apresentado nesta segunda-feira às comissões da Câmara.
Na manhã desta segunda, policias cercaram a lateral do Palácio Pedro Ernesto, nos acessos pela Rua Alcindo Guanabara. O interior da Câmara dos Vereadores está sitiado por guardas municipais em todos os andares e também há homens do Batalhão de Choque.
Presidente da Comissão de Educação é contrário ao governo
Presidente da Comissão de Educação e Cultura da Casa, o vereador Reimont (PT) criticou, na manhã desta segunda-feira, o plano de cargos e salários e também as 30 emendas apresentadas pelos vereadores da base governista, que estão a favor do novo projeto de lei apresentado pelo executivo. Segundo o vereador, as propostas não atendem à categoria. "É um plano econômico e não de carreira. Visa beneficiar a fundação Roberto Marinho, Sangari, Ayrton Senna, entre outras. A secretária (Cláudia Costin) não está entendendo que os professores são capazes de criar seu próprio método pedagógico. A autonomia pedagógica tem que ser respeitada", afirmou.
Apesar de ser do bloco do governo, Reimont se opõe às propostas do prefeito Eduardo Paes para a categoria, sendo o único vereador do PT a não apoiá-lo.
"Sou do PT, da aliança com Eduardo Paes, mas compreendo isso não como uma algema, mas como parceria. Nao tenho que deixar de ser eu por conta das parcerias", justificou o político. Ele também acrescentou que uma aliança tem que ter programa. "Em relação ao governo, alguns ítens não tem programa de política para habitação e população de rua, por exemplo. Desde sempre eu estou discutindo dentro do PT que nós temos que implementar isso", disse.