Por paulo.gomes

São Paulo - A ampla possibilidade de temas e o grande peso na prova fazem da redação um dos grandes desafios do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Entre os possíveis assuntos, professores ouvidos pelo iG citam mobilidade urbana, as manifestações no país e a questão da maioridade penal.

A professora Andrea Lanzara, do cursinho da Poli, lembra que a redação é sempre “uma caixa de surpresas”, mas faz algumas apostas. Ela acredita que as manifestações, que tiveram início no mês de junho, é um tema muito cotado. No entanto, ressalva, a abordagem não deve ser especificamente os protestos e suas motivações. “Oque não ficou muito claro durante os debates é o que os jovens esperam da política. Então a proposta pode enveredar para a política nacional”, completa.

O transporte, que foi uma das grandes pautas nas manifestações, também é uma das apostas de Andrea. “Uma boa pedida, que tem bem a cara da Enem, é a mobilidade urbana. Até porque, nesse viés, o candidato teria muitas opções para construir uma proposta de intervenção”, afirma.

Por fim, sugere Andrea, o exame pode pedir algo sobre a educação e as novas tecnologias. “Pode ser algo do tipo como as ferramentas tecnológicas estão implementadas na sala de aula, ou a relação dos jovens com o ensino a distância. Nesses casos, a proposta pode ser que os candidatos pensem em formas de aplicar a tecnologia ou numa estratégia de usá-la como ferramenta de aproximação dos alunos”.

Para as equipes pedagógicas dos Sistemas de Ensino da Pearson, os temas atuais e polêmicos devem aparecer não só na prova de redação, como no exame em geral. Entre eles, a diminuição da maioridade penal, a Copa do Mundo 2014 e a homofobia.

"O Enem privilegia temas sociais com preocupações humanísticas, exigindo do candidato um posicionamento que não fira os direitos humanos e uma proposta de intervenção acerca do problema apresentado", explica Roseli Deienno Braff, editora do Sistema de Ensino COC.

O professor Francisco Platão Savioli, da Universidade de São Paulo (USP) e do Anglo, lembra que os temas da redação do Enem sempre giram em torno de três eixos: o homem com ele mesmo (obesidade, idolatria ao corpo, realização profissional, vocação, sentimentos); o homem com relação ao outro homem (solidariedade, cidadania, direitos humanos, questão como participação política, compromisso social); e o homem com o meio biofísico (ambiente físico e biológico , poluição ambiental, aquecimento do planeta, uso abusivo dos bens perecíveis, engenharia genética, produção de transgênicos).

“O Enem quer testar a capacidade dele [candidato] usar o conhecimento adquirido na sua formação para dar resposta a uma questão. E a uma que ainda não exista uma resposta consensual”, completa.

Apesar da previsão sobre os temas, os especialistas são unânimes: o candidato não deve chegar com uma redação pronta na cabeça. Se ele fizer dessa forma, corre o risco de falar sobre o assunto, mas não sobre o tema. É o caso, por exemplo, das manifestações. Pode ser que o Enem cobre o assunto, mas, como explicou Andrea, o exame pode pedir que o candidato discorra sobre as aspirações dos jovens e não sobre as razões que motivaram os protestos, como a corrupção política etc. Logo, se o candidato for com uma redação decorada, pode se equivocar completamente na abordagem.

Como funciona a correção da prova

Depois das polêmicas envolvendo as redações do ano passado — candidatos incluíram receitas de miojo ou não foram punidos por erros gramaticais — a correção ficou mais rígida. Como antes, dois corretores farão a leitura da revisão. Porém, o Ministério da Educação (MEC) divulgou que a discrepância entre as notas dos dois corretores independentes não pode ultrapassar 100 pontos – no ano passado, a discrepância era de 200 pontos.

Se houver discrepância maior de 100 pontos, a redação passará por um terceiro corretor. Caso a discrepância permaneça, a correção é feita por uma banca de especialistas. Além disso, redações com discrepâncias maiores que 80 pontos entre os 5 critérios avaliados também são corrigidas por um terceiro corretor.

Critérios usados para a correção da prova:

1 - Demonstrar domínio da modalidade escrita formal da Língua Portuguesa.

2 - Compreender a proposta de redação e aplicar conceitos das várias áreas de conhecimento para desenvolver o tema, dentro dos limites estruturais do texto dissertativo-argumentativo em prosa.

3 - Selecionar, relacionar, organizar e interpretar informações, fatos, opiniões e argumentos em defesa de um ponto de vista.

4 - Demonstrar conhecimento dos mecanismos linguísticos necessários para a construção da argumentação.

5 - Elaborar proposta de intervenção para o problema abordado, respeitando os direitos humanos.

Obs.: Cada critério vale de 0 a 200 pontos.

As informações são de Julia Carolina

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