Rio - O dia do Papa nesta quarta-feira em Aparecida (SP), onde celebrou missa de manhã, e no Rio foi marcado por declarações contundentes sobre temas atuais, como o consumismo da sociedade contemporânea e as drogas. “Não é deixando livre o uso das drogas, como se discute em várias partes da América Latina, que se conseguirá reduzir a difusão e a influência da dependência química”, disse o Pontífice à noite, no Rio de Janeiro.
Ao inaugurar um centro de recuperação para dependentes de drogas no Hospital São Francisco de Assis, na Tijuca, Francisco comparou os traficantes a “mercadores da morte”. Foi a primeira vez que ele tratou do tema em seu papado. “A chaga do tráfico de drogas, que favorece a violência e que semeia a dor e a morte, exige da inteira sociedade um ato de coragem”.
Em alguns momentos, direcionou sua fala aos dependentes que participavam do evento: “Você é o protagonista da subida; esta é a condição imprescindível! Você encontrará a mão estendida de quem quer lhe ajudar, mas ninguém pode fazer a subida no seu lugar. Mas vocês nunca estão sozinhos! A Igreja e muitas pessoas estão solidárias com vocês”.
Ele não deixou de ressaltar que o desafio do combate à dependência de drogas é de toda a sociedade: “É necessário enfrentar os problemas que estão na raiz do uso das drogas, promovendo uma maior justiça, educando os jovens para os valores que constroem a vida comum, acompanhando quem está em dificuldade e dando esperança no futuro”.
DINHEIRO E PODER
Durante o dia, no Santuário Nacional de Aparecida, no interior de São Paulo, o Papa Francisco rezou missa para 150 mil fiéis, onde destacou o fascínio que “o dinheiro, o poder, o sucesso e o prazer” exercem na vida, especialmente dos mais jovens. “Nossos jovens não precisam de coisas, mas, sobretudo, de valores imateriais, que são a memória de um povo, o coração de um povo”, declarou. Falou ainda da força da juventude como motor para transformar a sociedade e a Igreja.
Emoção e fé
Centenas de fiéis aguardavam desde às 12h a passagem do Papa Francisco pelo Hospital São Francisco de Assis na Providência de Deus. A fiel Evanda Martins, de 75 anos, veio da Barra da Tijuca para ver o Santo Padre e afirmou que o ele "é a melhor coisa que aconteceu à Igreja". "Ele (Francisco) não se compara ao Papa Bento XVI. Francisco está renovando a instituição e trazendo mais jovens para a Igreja", disse ela.
O Papa, que passou o dia em Aparecida, São Paulo, onde celebrou uma missa, chegou ao local por volta de 18h20. Ele seguiu para a capela ao lado do hospital e ajoelhou ao lado de vários freis franciscanos. Alguns pacientes do hospital esperaram por sua benção e o Sumo Pontífice abençoou quatro cadeirantes. Entre 400, foram escolhidos 20 deles, alguns bens debilitados.
Paulo Prata, 81 anos, internado há cinco dias com gastrite foi um dos escolhidos. "Quando o Papa me abraçou, fiquei bastante nervoso. Até sarei depois disso", riu o idoso. Ismael Montano, 53 anos, que está na fila de transplantes de fígado, comemorou. "Pedi ao Papa para ele me abençoar, para vencer a doença. Foi inexplicável quando ele me abraçou", disse.