Por cadu.bruno

Rio - O Papa Francisco disse, em entrevista ao "Fantástico", neste domingo à noite, que não conhece as razões que levaram os brasileiros às ruas, mas que gosta de ver a juventude protestando. O Pontífice encerrou neste domingo sua visita de sete dias ao Brasil para a Jornada Mundial da Juventude.

“Com toda a franqueza lhe digo: não sei bem por que os jovens estão protestando. Esse é o primeiro ponto. Segundo ponto: um jovem que não protesta não me agrada. Porque o jovem tem a ilusão da utopia, e a utopia não é sempre ruim. A utopia é respirar e olhar adiante. O jovem é mais espontâneo, não tem tanta experiência de vida, é verdade. Mas às vezes a experiência nos freia. E ele tem mais energia para defender suas ideias. O jovem é essencialmente um inconformista. E isso é muito lindo! É preciso ouvir os jovens, dar-lhes lugares para se expressar, e cuidar para que não sejam manipulados”, afirmou.

Papa desembarca em RomaReuters

O pontífice também comentou os desafios da Igreja Católica para atrair fiéis, a redução de católicos e o crescimento de evangélicos no Brasil.

“Pra mim é fundamental a proximidade da Igreja. Porque a Igreja é mãe, e nem você nem eu conhecemos uma mãe por correspondência. A mãe... dá carinho, toca, beija, ama. Quando a Igreja, ocupada com mil coisas, se descuida dessa proximidade, se descuida disso e só se comunica com documentos, é como uma mãe que se comunica com seu filho por carta. Não sei se foi isso o que aconteceu no Brasil. Não sei, mas sei que em alguns lugares da Argentina que conheço isso aconteceu.”

Francisco disse não temer o contato com as multidões. Em vários momentos de sua passagem pelo Brasil ele abriu mão de carros fechados para estar mais perto das pessoas.

"Eu não tenho medo. Sou inconsciente, não tenho medo, sei que ninguém morre na véspera. Quando for a minha vez, que Deus permita, assim será. Antes de viajar, fui ver o papamóvel e ele estava com vidros. Se você quer fazer amigos, se comunicar, vai visitá-los em uma caixa de vidro. Não dá pra visitar um povo com esse grande coração em uma caixa de vidro. Ou tudo ou nada, ou faz a viagem como tem que ser, com comunicação humana, ou não se faz."

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