Por juliana.stefanelli
Quito (Equador) - O presidente equatoriano, Rafael Correa, que recentemente sugeriu que Luiz Inácio Lula da Silva fosse o futuro secretário-geral da Unasul, recebeu o ex-presidente brasileiro nesta quinta-feira em Quito e, além dos inúmeros elogios, o premiou com mais alta condecoração do Equador.
No entanto, durante o encontro desta sexta-feira, nenhum dos dois fizeram referências à possibilidade sugerida por Correa no último fim de semana, embora ambos tenham exaltados seus esforços dentro do atual processo de integração na América Latina, a chamada " Pátria Grande".
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"A América Latina segue contando contigo, querido amigo Lula", declarou Correa em discurso pronunciado na cerimônia de condecoração do ex-presidente brasileiro, que recebeu a ordem São Lázaro no grau de Grande Colar, a mais antiga que outorga Equador, já que foi criada em 1809 pelos patriotas independentistas.
"Necessitamos de você companheiro para seguir batalhando pelo Brasil, pela América Latina e pelo mundo inteiro através dos novos espaços de integração regional, como a União de Nações Sul-americanas (Unasul)", ressaltou Correa, que também qualificou Lula como "um dos protagonistas fundamentais dessa mudança histórica" na América Latina.
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"Graças a estas mudanças maravilhosas no poder político, esta região é a que mais cresce no mundo atualmente e a que, finalmente, diminui desigualdade, tendo reduzido a pobreza", acrescentou o líder equatoriano, que destacou a origem pobre de Lula. "Finalmente nossa América está inaugurando a verdadeira democracia, com justiça social", ressaltou Correa, que voltou a se referir a Lula como "parte vital desta região, onde a esperança esta apenas florescendo".
Para Correa, "felizmente", a região criou órgãos de integração como a Comunidade de Estados Latino-americanos e Caribenhos (Celac) e "a querida Unasul". No entanto, o presidente equatoriano afirmou que ainda "há muita coisa a se fazer", como "empurrar a Nova Arquitetura Financeira regional, criar o Fundo do Sul e fortalecer o Banco do Sul". Correa também se referiu a uma "harmonização" da política salarial, incluindo "um salário mínimo regional, para não concorrermos entre nós, deteriorando, afetando, prejudicando e, muitas vezes, explorando nossos trabalhadores".
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Segundo Correa, essa situação se torna necessária devido à grande mudança vivida na América Latina, onde o ser humano é o centro da atividade pública. No passado, "nossa América não vivia em paz, vivia pacificada. A insultante opulência de uns poucos na América Latina ao lado da mais intolerante pobreza eram balas cotidianas contra a dignidade humana", ressaltou Correa. Já Lula, que também não falou sobre a sugestão de Correa sobre a possibilidade de ocupar a Secretaria-Geral da Unasul, assinalou que seguramente vai vir mais vezes a Quito, onde se encontra a sede desse bloco.
Assim como Correa, Lula também elogiou o presidente equatoriano e disse que ele é "um dos líderes políticos mais fortes" e que está mudando a história do Equador. Segundo Lula, Correa governa "para todos os equatorianos, entre empresários e trabalhadores", embora também se preocupe mais com "as pessoas mais pobres deste país", assim como ele fez no Brasil durante seu governo (2003 a 2010).
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Além disso, o ex-presidente brasileiro lembrou que, pela primeira vez na história do Brasil, uma mulher conseguiu chegar ao poder após seu governo, ressaltando que apóia Dilma para sua reeleição em 2014. O ex-presidente brasileiro, que efetua uma curta viagem, a qual ainda inclui Colômbia e Peru, deve oferecer amanhã em Quito uma conferência magistral sobre "Desenvolvimento econômico e inclusão social".
Antes de sua partida, Lula ainda receberá três doutorados "honoris causa" por parte da Universidade Internacional do Equador, da Universidade Andina Simón Bolívar e da Escola Politécnica do Litoral.
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