Rio - Para ajudar pacientes que se recuperaram de enfartes na retomada da vida sexual, sem risco e sem medo, a Associação Americana do Coração lançou uma cartilha com uma série de orientações. No Brasil, médicos afirmam que o assunto é tabu e pouco comentado nos consultórios.
É a primeira vez que uma associação médica cria material sobre o assunto. De acordo com a cartilha, o tempo para retomar a vida sexual varia entre uma e oito semanas, dependendo da gravidade do enfarte. Outra preocupação está relacionada aos remédios prescritos aos que têm problemas cardíacos. Medicamentos como os betabloqueadores e diuréticos podem causar perda de libido e disfunção sexual. Nesse caso, a recomendação é conversar com o médico.
Segundo Carlos Alberto Machado, da Sociedade Brasileira de Cardiologia, drogas para disfunção erétil são contraindicadas para aqueles que tomam medicamentos do tipo vasodilatadores à base de nitrato. “O nitrato potencializa o efeito do remédio para disfunção e leva à queda brusca de pressão”, disse.
O material da associação americana lembra ainda que praticar atividades físicas e fazer sexo com a parceira e em local já familiar ajudam a proteger a saúde do coração. “Se a relação for com outra mulher, o tempo de espera para retomar a vida sexual deve ser maior, pois o esforço, a emoção e o estresse serão maiores também”, explica.
Uma das principais preocupações do paciente é sofrer novo enfarte no ato sexual, o que, segundo estudos, acontece em 0,9% dos casos.
Médicos devem abordar o tema
A cartilha é também um alerta aos médicos. Para Carlos Alberto Machado, os profissionais devem abordar o assunto durante o atendimento. “O paciente fica com vergonha e medo de falar, e acaba sendo um problema também para o casal”, declara.
Além da gravidade do enfarte, a data de retorno à atividade sexual deve considerar também a rapidez com que o socorro chegou ao paciente. O ideal, diz o cardiologista, é que a ajuda ocorra antes de seis horas do início dos sintomas. “Se o atendimento demorar, o paciente perde parte do músculo do coração, o que prejudica a sua recuperação”, alerta. Ele acrescenta que testes de esforço são recomendados para averiguar a capacidade cardíaca do paciente.