Washington (EUA)- O artigo publicado pelo presidente russo, Vladimir Putin, em "The New York Times" sobre a situação na Síria e a política do Governo de Barack Obama gerou nesta quinta-feira uma grande indignação entre a classe política americana.
No artigo, Putin sustentou que na Síria quem usou armas químicas foram os rebeldes, advertiu que um ataque militar dos EUA contra o regime sírio "criaria uma nova onda de terrorismo" e criticou duramente a noção, defendida por Obama na terça-feira, de que os americanos são excepcionais. "Ao contrário de na Rússia, nos Estados Unidos defendemos os valores democráticos e os direitos humanos de nosso próprio país e ao redor do mundo", disse em entrevista coletiva diária o porta-voz da Casa Branca, Jay Carney.
Segundo Carney, o mero fato de Putin poder publicar um artigo em um jornal americano como "The New York Times" demonstra um respeito à liberdade de imprensa que não existe na Rússia. "O presidente Putin deveria ser a última pessoa a dar lições aos Estados Unidos sobre nossos valores e direitos, e do que representamos", disse por sua vez o ex-secretário de Defesa Leon Panetta, em declarações ao programa "Today" da rede "NBC".
O presidente da Câmara dos Representantes (Deputados), o republicano John Boehner, se declarou "ofendido" após a leitura do artigo do líder russo. Além disso, Boehner expressou aos jornalistas suas "sérias dúvidas" sobre as "intenções" dos russos e do presidente sírio com a proposta para que o arsenal químico de Damasco fique sob controle da comunidade internacional e seja destruído.
"O artigo de Putin é um insulto à inteligência dos americanos", denunciou no Twitter o senador republicano John McCain, candidato presidencial em 2008. "Quando Putin comenta em seu artigo que Deus nos criou a todos iguais deveria incluir os gays e lésbicas na Rússia", comentou no Twitter o líder da minoria democrata na Câmara Baixa, Nancy Pelosi, em referência às leis homofóbicas aprovadas recentemente naquele país.
Em tom irônico, o líder da maioria democrata no Senado, Harry Reid, assinalou que com seu artigo Putin simplesmente estava buscando "uma desculpa para mostrar seu anel da Super Bowl". O anel, o de campeões do Super Bowl de 2005, foi um presente que Putin recebeu do dono do New England Patriots, Robert Kraft.